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quinta-feira, 30 de março de 2017

A formação do caráter cristão


Por Eliseu Antonio Gomes

Introdução.

Deus criou o homem bom e perfeito, mas o pecado maculou o seu caráter.

Existe pessoa sem caráter? Todo ser humano tem caráter, seja ele bom, seja ele mau, exemplar, ímpio ou santo. A pessoa renascida em Cristo tem o seu caráter transformado. Quando pela fé, recebemos Jesus, o Espírito Santo transforma nosso caráter.

I - O caráter na realidade do homem.

1. O que é caráter?

Vivemos tempos trabalhosos, em que muitos se dizem cristãos, mas suas ações revelam que seu caráter ainda não foi transformado e moldado pelo Filho de Deus.

Você tem mostrado Cristo ao mundo através de suas atitudes? Que mediante o estudo da Palavra de Deus cada um de nós possamos evidenciar a grandeza do Reino aos que rejeitam os preceitos divinos.

2. Personalidade e caráter.

Nosso caráter é revelado através de nossas atitudes e da nossa fala. Segundo o Dicionário Aurélio, caráter é "o conjunto das qualidades (boas ou más) de um indivíduo, e que lhe determinam  a conduta e a concepção moral. O caráter reflete a conduta, as atitudes, as ações e práticas que a pessoa cultiva. O crente demonstra o caráter cristão por seu testemunho. Jesus disse que pelos frutos que apresentamos somos conhecidos (Mateus 7.20).

A personalidade representa o que a pessoa é, como resultado de sua herança familiar, pode ser definida como sendo a qualidade do que é pessoal. Ela é a nossa maneira de ser, ou seja, aquilo que nos distingue de outra pessoa.

Precisamos orar, ler a Palavra de Deus e buscar ter um relacionamento mais íntimo com aquEle que pode transformar o nosso interior. Que a leitura bíblica e a meditação do que lemos na Bíblia possa produzir uma mudança interior, em cada um de nós, contribuindo para o aprimoramento do nosso caráter, aumentando a nossa fé, a fim de que possamos ser testemunhas vivas de Jesus Cristo.

II - A deformação do caráter humano.

1. A Queda e o caráter humano.

Adão e Eva bem como o relacionamento entre eles, entrou em processo degenerativo quando ambos pecaram. A intimidade e a inocência cederam lugar à acusação. O desejo voluntarioso pela independência resultou em dores de parto, sofrimento ao trabalhar, morte.

Quando pecaram, os olhos de Adão e Eva se abriram ao conhecimento do bem e do mal, porém eles não possuíam estrutura para tanto, era pesado esse conhecimento sem o equilíbrio de outros atributos divinos, como o amor, a sabedoria. Então a criação, confiada aos cuidados de Adão, foi amaldiçoada, gemendo pela libertação dos resultados de infidelidade dele.

O primeiro pecado da humanidade abrangeu todos os demais pecados; a afronta e desobediência a Deus, o orgulho, a incredulidade, desejos errados, o desviar outras pessoas, assassinato, submissão voluntária ao diabo.

As consequências imediatas do ato de pecar foram numerosas, extensivas e corrosivas. O relacionamento entre Deus e os homens, de franca comunhão, amor, confiança e segurança, foi marcada por isolamento, autodefesa, culpa e banimento.  por estar a natureza humana tão deteriorada pela Queda, pessoa alguma tem a capacidade de fazer o que é espiritualmente bom sem a ajuda graciosa de Deus. A esta condição chamamos corrupção total da natureza.

Paulo escreveu: "Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso, que todos pecaram" (Romanos 5.12). A entrada do pecado no mundo aconteceu porque o homem deixou de ouvir a voz de Deus e, usando o seu livre-arbítrio, ouviu a voz do diabo. Em consequência, a natureza carnal, que cede ao pecado, é transmitida de pai para filho.

2. Imagem e semelhança de Deus.

O homem foi criado perfeito em toda a sua constituição: espírito, alma e corpo (1 Tessalonicenses 5.23). Antes de pecar, quando no seu estado original, era uma imagem, ou representação perfeita de Deus. Adão e Eva possuíam atributos morais tais como amor, justiça, santidade, retidão. Tudo à semelhança de Deus, que imprimiu no ser humano as marcas de sua personalidade santa, amorosa e justa.

Após cair em pecado, o relacionamento de Adão com Deus, que era de plena comunhão, foi afetado, e passou a ser de culpa e medo. Quando o Criador perguntou a Adão se ele havia comido do fruto da árvore proibida, este não assumiu a culpa, procurou justificar seu erro acusando a esposa. Quando Deus perguntou para Eva a respeito dos seus atos, ela transferiu a culpa para a serpente (Gênesis 3.9-13).

3. A deformação do caráter humano.

O caráter não é herdado, ele é construído mediante a formação que recebemos, por este motivo, a Palavra de Deus adverte a instruir as crianças no caminho em que elas devem caminhar, pois ao receber tal instrução precocemente não se esquecerá deste aprendizado ao amadurecer (Provérbios 22.6).

Quando o homem deu condição ao diabo para agir, desobedeceu a Deus e perdeu a graça divina. A Queda levou toda a humanidade a perder a semelhança moral com o Criador. O pecado desfigurou o homem, cortando a ligação direta com Deus (Romanos 3.23). O pecado passou a todos os homens (Romanos 5.12; Salmos 51.5).

Provavelmente, vivemos em uma época em que a sociedade está mais corrompida do que a do tempo de Ló e de Noé. Precisamos evitar ensinos espúrios, pois é necessário o ensino constante e sistemático da Palavra de Deus para levar as pessoas a se renderem de fato aos pés do Senhor.

Deus é um ser amoroso. Muitos não entendem a razão de existir sofrimento, sendo o Criador este Deus amoroso. Deus não criou o sofrimento, este é consequência do pecado do homem. A humanidade sofre por dar as costas para Deus, que permite o sofrimento no sentido positivo, isto é, para fortalecer a fé que o cristão tem (Romanos 5.3).

III - A redenção do caráter humano.

1. Novo nascimento, transformação do caráter.

O caráter revela o senso de ética e moralidade que uma pessoa tem, e é demonstrado por suas atitudes, práticas e testemunho. Se o homem não estiver em comunhão com Deus todo tempo, seu caráter pode mudar de acordo com as influências e as circunstâncias em que vive. O caráter pode mudar para melhor ou pior de acordo com o momento e o contexto. Um santo pode tornar-se em ímpio. Um ímpio pode tornar-se santo. O cristão deve esforçar-se para viver em santidade "em toda a sua maneira de viver" (1 Pedro 1.15).

A natureza carnal, herdada de Adão, não é eliminada na vida de um servo de Deus. Ela deve ser subjugada pelo Espírito Santo. Mesmo espirituais, homens não se tornam perfeitos. Se orarmos, vigiarmos e nos santificarmos, poderemos cometer graves pecados. O caráter humano é sujeito às fraquezas. A solução é andar "em espírito" para não atender "a concupiscência da carne (Gálatas 5.16).

2. A Palavra de Deus muda o caráter.

Quando aceitamos, pela fé, a Jesus Cristo somos transformados e convertidos pelo poder do Espírito Santo. A salvação não é por mérito humano, somos salvos pela graça divina, que é um dom de Deus.

A Bíblia emprega a metáfora do resgate ou da redenção para descrever a obra salvífica de Cristo. O tema aparece muito mais frequentemente no Antigo Testamento que no Novo. A obra divina da redenção é primeiramente moral. Em alguns textos bíblicos, a redenção claramente diz respeito aos assuntos morais (Salmos 130.8; Isaías 35.8-10). No Novo Testamento, Jesus é tanto o Resgatador quanto o resgate; os pecadores são os resgatados. Cristo declara que veio para "dar a sua vida em resgate de muitos" (Mateus 20.28; Marcos 10.45). O apóstolo Paulo declara que o Filho de Deus foi feito nossa sabedoria, justiça e redenção, que o Unigênito do Pai se deu a si mesmo em preço de redenção por todos (1 Coríntios 1.30; 1 Timóteo 2.6).

Viver de acordo com o caráter cristão causa um grande impacto num contexto de corrupção. Ser cristão é ser sal da terra e luz do mundo. O crente como sal da terra contribui para evitar a deterioração do comportamento humano. Como luz, ele reflete a presença de Deus, mostra o caminho certo. Vivemos em uma época na qual a corrupção se tornou epidemia em nosso país. A Igreja precisa fazer o que o profeta Malaquias exortou: levantar-se contra a corrupção "que destrói grandemente" (Malaquias 2.10).

3. O caráter amoroso e santo do crente.

Fomos criados à imagem e semelhança do Criador. Deus fez o homem perfeito, em termos espirituais, morais e físicos. No ato divino da Criação, Ele disse: "Façamos o homem à nossa semelhança" (Gênesis 1.26). Como imagem e em semelhança ao Senhor, somos instados pelo Criador a amar. Quem não ama não conhece a Deus, ainda não teve seu caráter transformado e está em trevas (1 João 2.9-11; Hebreus 12.14; 1 Tessalonicenses 5.23).

Jesus preocupava-se com os moribundos e todos os necessitados. Ele demonstrou que seu Evangelho não é só para o espírito e para a alma, mas também para o corpo. O verdadeiro Evangelho busca atender às necessidades espirituais, emocionais, sociais e físicas do homem. Assim sendo, multiplicou o pão duas vezes. Tiago traduziu muito bem o que é a verdadeira religião, dizendo que ela é manifestada pelo bom tratamento aos órfãos e viúvas nas suas tribulações e no cuidado para não se envolver com a corrupção deste mundo (Tiago 1.27). 

Conclusão.

Não podemos nos esquecer que refletimos a glória divina. Se tivermos um caráter santo, Deus será louvado por intermédio de nossas ações.

Nosso caráter reflete nossos princípios. Como novas criaturas, precisamos evidenciar os valores do Reino de Deus.

E.A.G.

Compilações:
Ensinador Cristão, ano 18, nº 70, abril a junho de 2017, coluna Entrevista do Comentarista, páginas 25 e 26,  Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).
Lições Bíblicas - O Caráter do Cristão. Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro. Comentarista Elinaldo Renovato. 2º trimestre de 2017, páginas 2, 4 a 8. Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD). 

quarta-feira, 29 de março de 2017

Três observações sobre reuniões de culto a Deus


Por Eliseu Antonio Gomes

O aspecto do culto pentecostal. O crente pentecostal deve ir à igreja com a intenção de participar do culto, não meramente assistir. Durante a reunião, cada um dos presentes deve compartilhar seus talentos e dons uns com os outros, de maneira ordeira e decente, para que haja edificação e glória a Deus. Uns devem usar o talento do canto e louvar cantando, outros devem pregar ministrando mensagens cristocêntricas, outros podem transmitir a mensagem do Senhor por meio do dom de profecia, outros se deixar usar pelo Espírito com dons de curar. Entendo que isso é o culto pentecostal. Quem já participou de um culto assim?

Pregadores ao estilo Demas e ao estilo Timóteo. Infelizmente, muitos obreiros que usam o microfone nas igrejas têm disposição mais parecida com a de Demas (2 Timóteo 4.10), do que com a disposição de Timóteo (1 Tessalonicenses 3.2).

O comportamento destes Demas do século 21 é pior do que o de Demas contemporâneo do apóstolo Paulo. O Demas do passado afastou-se da obra fisicamente. Mas, nos dias atuais é numerosa a turma de pregadores ao estilo Demas que estão de corpo presente nos cultos e ao mesmo tempo com o coração vazio de espiritualidade, pois a mente deles está focada nas distrações desta vida passageira. E o resultado da distração é a falta de consagração, falta de meditação na Palavra de Deus, falta de oração e busca de mensagens ungidas para entregar à membresia da Igreja.

Pregadores distraídos com as coisas dessa vida são comparáveis às “nuvens sem água”, descrição contida em Judas 1.12!

A decepção do crente é a mesma do agricultor. Assim como o crente aguarda a mensagem de Deus que não é entregue quando o pregador ocupa alguns preciosos minutos do culto ao microfone sem falar a Palavra de Deus, o lavrador olha a nuvem no céu e espera que traga-lhe a água que irrigará sua lavoura. Se a nuvem não se transforma em chuva e se o pregador não entrega a mensagem da parte de Deus o resultado é tristeza, decepção, a continuidade da carência. Não tenho nada contra o descanso e lazer do pregador, quando em tempo oportuno. O erro de pregadores ao estilo Demas é trocar a responsabilidade ministerial pelas alegrias passageiras. Quem quiser usar o púlpito como preletor, que seja ao estilo Timóteo.

O dom de profecia. É muito bom orar em secreto e receber uma resposta pública de Deus, por meio do dom de profecia, durante o culto. Fui privilegiado por Deus desta maneira algumas vezes. Ele é misericordioso, sei que não mereço esta atenção divina sobre mim. Aliás, ninguém merece os favores do Senhor!

E.A.G.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Uma vida de frutificação

Por Eliseu Antonio Gomes

Por Introdução.

Frutificar é frutescer, produzir resultados, ser útil, dar lucro. Nós cristãos, fomos chamados para dar bons frutos no Reino de Deus, a fim de que o nome de Deus seja glorificado. O propósito de uma vida frutífera é tão somente glorificar o Pai (João 15.8).

I - A videira e seus ramos.

1. A parábola da vinha.

Deus fez a terra com a capacidade de ser produtiva. Nela constam elementos que a fazem produzir.  "A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga"- Marcos 4.28 (ARA).

No texto de João 15.1-10, encontramos uma parábola a respeito da videira. A videira é o próprio Jesus Cristo e os crentes são os  ramos. Cristo disse enfaticamente: "eu sou a Videira Verdadeira", apresentando-se como o único caminho para Deus. Os versículos 3 a 5 falam da união de Jesus e os crentes em termos figurativos dos ramos e do tronco. O resultado dessa união é o processo de crescimento, que resulta em dar frutos. Nesta alegoria agrícola, Deus é indicado como lavrador. A alegoria mostra como Deus é glorificado quando estamos em um relacionamento correto com Ele, pois quando estamos em comunhão começamos a "dar muito fruto" em nossas vidas.

2. Condição para ser produtivo.

A primeira coisa que vemos ao ler o capítulo 15 de João, é que não há como acontecer produtividade se não houver investimento. Porém, note que Deus investiu grandemente em Israel (que é comparado a videira em Isaías 5.1-2; Salmos 80.8-19), porém, os israelitas não corresponderam ao tratamento divino e nada aconteceu. Deus investe em Jesus, que no texto de João 15 aparece como a genuína videira. Ele faz isso porque sabe que é por intermédio do seu Filho que a vida verdadeira para o mundo é manifestada. É dEle que surge  a seiva para a salvação, a capacidade da frutificação.

O princípio da frutificação está revelado em Gênesis (1.1). Observe que a lei agrária estabelecida pelo Criador determina que cada planta e árvore produza fruto segundo a sua espécie. A frutificação espiritual segue o mesmo princípio. João Batista, o precursor do Messias, exigiu daqueles que o ouviam e por ele eram batizados que produzissem frutos dignos de arrependimento (Mateus 3.8).

Para a boa frutificação, os elementos indispensáveis são a boa saúde da semente, o meio ambiente ideal e a limpeza do terreno. Estas também são as condições no reino espiritual, para que exista em todos nós fruto abundante para Deus. Jesus destacou este princípio esclarecendo aos seus seguidores que há a necessidade de perseverar na Palavra para ter condição de apresentar fruto exuberante para Deus (João 15.1-16).

Precisamos frutificar. Na vida espiritual, para que de fato haja o efeito de frutificar, é fundamental que a terra do coração seja trabalhada pela Palavra de Deus. Quando a Palavra é recebida como regra de fé e conduta, os bons frutos aparecem. E é por meio dessa fertilidade que se prova a fidelidade do crente (Mateus 13.8).

Para o crente ser capaz de produzir o fruto do Espírito, é preciso que ele esteja ligado à Videira Verdadeira. Considerando que um ramo não pode dar frutos a menos que esteja ligado ao tronco, como discípulos de Cristo precisamos estar ligados à Cristo para termos vida frutífera. É Jesus em nós que nos torna capazes de produzir o fruto do Espírito. É impossível um cristão ser produtivo fora da obediência ao Senhor, aos seus ensinos. Sem Jesus nada podemos fazer (João 15.4).

3. A poda.

No contexto do capítulo 13 a 17 de João, o fruto é o amor, característica fundamental de Deus, o alicerce de todas as virtudes (1 Coríntios 13.13). Para conseguir viver amando como Deus manda amar, a pessoa tem que nascer de novo e seguir a Cristo. Este amor é desenvolvido pelo "processo da poda". A poda ajuda a produzir novos ramos, fazendo com que a produção de frutos seja maior.

No versículo 2 de João 15, a alegoria da vinha apresenta a palavra "limpar" (cortar, podar), que expressa a necessidade da santificação do crente. Há um cuidado especial do Pai com a videira, Cristo, Deus cuida de cada um de nós com zelo e amor para que possamos produzir frutos abundantemente. Também, o Pai cuida dos ramos produtivos, eliminando os galhos que não servem para nada, para que a produção seja ainda maior. Retira do meio dos crentes frutíferos tudo que os impedem de frutificar, lançando os galhos descartados no fogo.

Na vida espiritual, também somos podados e cuidados pelo Senhor.

II - O fundamento da frutificação espiritual.

1. Firmados no amor de Cristo.

João 15.1-16 deixa muito claro que ninguém pode frutificar no Reino de Deus se não estiver firmado em nosso Senhor. Mas há uma pergunta importantíssima que precisa ser feita: que fruto é este? Ao mencionar fruto, Jesus Cristo se referiu ao fruto do Espírito, que é descrito em Gálatas 5.22, 23 assim: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.

A graça divina, além de destruir os pecados, enxerta em nós a semente do amor. O amor nos ajuda a vencer os ímpetos da carne, os efeitos da arrogância, o egoísmo e a incredulidade (Romanos 3.24). O amor, como virtude do fruto do Espírito, leva o crente a ser obediente, para que Deus possa  se comprazer nele.

2. Por que o amor é a base da frutificação?

O amor, em seu conceito mais sublime, é personificado em Deus. A melhor e mais curta definição do amor é Deus, pois Deus é amor. Este foi manifesto à humanidade por Jesus Cristo (Romanos 5.8; João 13.1).

A quem Jesus tanto amou que voluntariamente deu sua própria vida? A indivíduos imperfeitos. Um dos discípulos negou-o; outro duvidou dEle, três dos que compunham o círculo interno grupo dos doze dormiram enquanto Ele agonizava no jardim do Getsêmani; dois desses almejaram elevadas posições em seu Reino; outro revelou-se o traidor. E quando Jesus ressuscitou, alguns não creram. Mas Jesus amou-os até o fim - até a plena extensão do seu amor. Ele foi abandonado, traído, desapontado e rejeitado, contudo, amou!

Não podemos nos esquecer que o amor deve ser revelado em atitudes. Não adianta dizer que tem amor e fé se não tiver as boas obras (Tiago 2. 14, 17, 26). O amor precisa ser visto na vida do cristão mediante suas atitudes de frutificação espiritual. A frutificação tem como propósito expressar a vida de Cristo no cristão, é evidência de discipulado, abençoa outras pessoas e traz glória a Deus.

3. Cheios do Espírito e do amor.

Muitas pessoas ficam impressionadas com o desempenho do grande ministério de Paulo, como ele conseguiu levar tão longe a mensagem do Evangelho e escrever cartas espiritualmente edificantes. O segredo é que ele permanecia em Cristo e recebia dEle a vida verdadeira (Gálatas 2.20).

Os dons espirituais são importantes para o crente, mas estes precisam ser acompanhados do fruto, pois está relacionado ao caráter de Cristo em nós.

III. Chamados para frutificar.

1. Revestidos de amor.

Fomos alcançados unicamente pela graça divina, e a única coisa que Ele exige de nós é que venhamos a frutificar em atitudes que revelem o amor. Para ser produtivo é imprescindível estar ligado a Cristo, a Videira Verdadeira.

Só é possível frutificar no Reino de Deus se estivermos em Cristo Jesus. Esta é a realidade que todo cristão precisa estar ciente ao servir ao Senhor. Em Colossenses 3.12, Paulo orienta os crentes para que se vistam de misericórdia, benignidade, mansidão e longanimidade. Mediante a fé no sacrifício de Cristo, a "roupa velha", que representa a natureza pecaminosa, deve ser retirada e abandonada para sempre. Então, busquemos "as coisas que são de cima" (versículos 1 e 2).

2. Se a Palavra estiver em nós.

É interessante ressaltar que em João 1.1 diz-se que o verbo se fez carne. A palavra "verbo" já aparecia nas páginas do Antigo Testamento, só que com o conceito de sabedoria. "Logos" quer dizer "palavra". A razão de João fazer uso dessa palavra é porque no seu tempo todos sabiam muito bem o sentido e a expressão que essa palavra tinha, o que ela enunciava; todavia, o propósito de João fazer uso dessa palavra é que ele usa esse "logos" para denotar a palavra de Deus em ação conforme também registra o escritor de Aos Hebreus (1.1-3). Esse "logos", palavra, pode ser entendido como o "logos cósmico", isto é, o agente de toda a criação.

João especifica que de Jesus vem mais do que a vida, pois Ele é a própria vida, é Ele quem dá a verdadeira luz, o conhecimento que o verbo dá de Deus, possibilita ao ser humano receber as verdades divinas, assim ele pode deixar as trevas, que é o comportamento comprometido com o pecado.

Em João 15.7, encontramos a seguinte revelação de Jesus: "...se as minhas palavras permanecerem em vós..." Neste caso, Jesus faz uso de "palavra" com o termo grego "hêma", que significa "palavra falada" e não o conteúdo neotestamentário. E desta maneira, aprendemos que a fé que depositamos no ensinamento dito por Jesus Cristo leva a oração do crente a ser atendida por Deus.

O fruto do Espírito representa no crente a existência de um caráter que testemunha de Jesus e que o revela no viver diário do cristão. É a breve vida de Cristo manifesta em seus discípulos. Quem permanece no amor de Cristo recebe a seiva para não ser um ramo infrutífero. A produtividade é frutescente quando Cristo e sua Palavra habita no crente.

Quando a Palavra é praticada pelo cristão, o fruto do Espírito é perceptível em seus relacionamentos. É notado na casa em que mora. O marido passa a ter um relacionamento conjugal frutífero, ama sua esposa em todas as circunstâncias e a esposa ao seu marido. No lar, existe um relacionamento familiar frutífero, sendo que a esposa apoia seu marido e os filhos respeitam o pai e a mãe (Efésios 5.22, 25; 6.1).

3. Cumprindo a lei.

A grande prova do amor dos discípulos para com Jesus estava na obediência plena ao Pai. Se assim eles procedessem, estariam sempre tendo aprovação em tudo e usufruindo da companhia divina.

Segundo Paulo, em Romanos 13.8, a única coisa que podemos dever, continuamente, é o amor:"A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei" (ARA). Por mais que amemos o nosso próximo,sempre poderemos fazê-lo um pouco mais.

O bom testemunho do cristão envolve manter a sua integridade no que tange a honrar seus compromissos e dívidas Não se trata de uma proibição ao empréstimo de dinheiro, o qual as Escrituras permitem e regulamentam (Êxodo 23.19-20; Levíticos 25.35-37; Deuteronômio 15.7-9; Salmos 15.5; Mateus 5.42; Lucas 6.34). Quer dizer que se existe condição de pagar não é correto continuar a dever a pessoa alguma - pois tal atitude é um ato de desamor ao próximo. Não é possível dizer que frutificamos no Espírito se não vivemos o amor de Deus, e isso acarreta amar as pessoas (1 João 4.20-21).

Se tratamos os outros com o mesmo cuidado que temos por nós mesmos, não violaremos  qualquer uma das leis de Deus no que diz respeito aos relacionamentos interpessoais (Mateus 7.12; Roamos 13.10; Tiago 13.10).

Conclusão.

Como é que o povo à nossa volta está vendo Cristo em nós? Em família, no emprego, nas viagens, na escola, na igreja, nos relacionamentos pessoais, nos tratos, no lazer, no porte em geral, na vida cristã?

O caráter bíblico e prático do fruto do Espírito como oposição às obras da carne destaca o embate que se dá na vida do cristão em relação ao "frutificar" no Reino de Deus e o de manifestar as obras da carne. Neste cenário, o amor é a razão inigualável para frutificarmos na presença do Senhor; a alegria bloqueia a inveja; a paz rivaliza com as inimizades; a paciência impede as ações de dissenções; a benignidade ocupa os espaços da porfias; a bondade combate homicídios; a fidelidade é oposta à idolatria e heresias; a temperança extermina os ímpetos à prostituição e glutonaria.

Uma videira que produz muito fruto glorifica a Deus. Assim sendo, Ele envia diariamente a luz do sol e a chuva para fazer crescer as colheitas, e nutre constantemente cada planta, preparando-a para florescer. Portanto, que todo cristão esteja conscientizado a buscar a ação de frutificar no Reino de Deus, na força do Espírito Santo, amando a Deus e ao próximo na perspectiva do fruto do Espírito.

E.A.G.

Compilações:
As Obras da Carne e o Fruto do Espírito. Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente. Osiel Gomes; edição novembro de 2016, páginas 148-151; Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD). 
Ensinador Cristão, ano 18, nº 69, janeiro a março de 2017, páginas 42, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD) 
Lições Bíblicas - As Obras da Carne e o Fruto do Espírito - Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente. Comentarista: Osiel Gomes. 1º trimestre de 2017, páginas 90-96, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).
Lições Bíblicas - O Fruto do Espírito: A plenitude de Cristo na vida do crente. Comentarista: Antônio Gilberto. 1º trimestre de 2005, página 21. Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD). 

sábado, 18 de março de 2017

Quem ama cumpre perfeitamente a Lei Divina

Por Eliseu Antonio Gomes 

Introdução

O fruto do Espírito procede do alto, e só do alto. Não é algo que o ser humano é capaz de fabricar.

O amor é a suprema característica e principal virtude do fruto do Espírito. Amar a Deus e ao próximo é cumprir plenamente a Lei Divina. Amar é ter paz com Deus, com o próximo e consigo mesmo. Portanto, é esperado que o crente exercite o amor, apresente uma vida frutífera, para que assim glorifique ao Senhor.

I - A singularidade do amor agápe.

1. Amor, um aspecto do fruto.

Apesar de tudo que já se disse e se escreveu sobre o fruto do Espírito no aspecto do amor, nunca será demais relembrar que o amor é a mais importante entre as nove facetas, pois constitui a essência do caráter de Cristo (Gálatas 5.22, 23; 1 Coríntios 13.1-7). Sem o amor, como a principal característica do fruto do Espírito, é impossível ao crente ser manso, paciente, longânimo etc, pois todas as demais facetas do fruto dependem do amor.

O amor divino possui três dimensões. Verticalmente, está em direção a Deus, horizontalmente em direção aos nossos semelhantes e dirigido-se para dentro de nós mesmos. Quando o crente cumpre as três dimensões do amor cumpre toda a Lei.

Ao ler e meditar em Romanos 13.8-10, entendemos que tanto o amor quanto a lei estão relacionados com a justiça, ambos não são conflituosos, caminham juntos para realizar a vontade de Deus.

Jesus foi persistente ao ensinar os discípulos acerca do amor (João 13.34, 35). De que o amor Jesus estava falando? Há pelo menos quatro tipos de amor que devemos considerar: agápe; philia e eros.
• Agápe (ἀγάπη). Abordaremos em detalhe no próximo tópico.
• Storge (στοργή). Indica o amor familiar. Diz respeito, quase exclusivamente, ao afeto natural dos pais aos filhos. O termo também descreve os relacionamentos de afeição entre irmãos e dos filhos aos seus pais. 
• Philia (φιλία). Em 2 Pedro 1.7 encontramos o amor expresso pela palavra original philia, que significa "amor fraternal" ou "bondade fraternal" e "afeição". Este amor é amizade, um amor humano, limitado. Esse tipo é essencial nos relacionamentos interpessoais, Amamos se somos correspondidos, somos amigáveis e amorosos com aqueles que são amigáveis e amorosos conosco. Philia é inferior ao agápe, então Jesus Cristo nos ensina a amar no modo agápe (Lucas 6.23).
• Eros (ἔρως): é o amor físico, proveniente dos sentidos naturais, instintos e paixões. Costuma basear-se no que vemos e sentimos; pode ser egoísta, temporário e superficial, e tornar-se um desejo desenfreado. Não está mencionado na Bíblia Sagrada, contudo está fortemente subentendido através de fatos.
2. O amor agápe.

O amor divino é expressado no idioma grego com o termo agápe, que significa amor abnegado, profundo e constante, como é o amor de Deus pela humanidade. Esta perfeita e inigualável virtude abrange nosso intelecto, emoções, vontade, todo o nosso ser.

O apóstolo Paulo descreve o amor agápe em 1 Coríntios 13. Neste ensino do apóstolo, descobrimos que:
• Sem o amor, não adiantaria sacrificar a mente e o corpo na profissão, galgando  riquezas materiais, quando as riquezas do coração, as do compromisso, as da parceria e as da presença pessoal são ignoradas.
• Sem o amor real, não adianta evocar frases de efeito, grandiloquentes e arrebatadoras, pois seriam como o barulho gélido de um sino.
• Sem amor, restam impaciência, maldade, ciúmes, orgulho e vaidade; quem ama é, bondoso, modesto, não é ciumento.
• Sem amor, sobram grosserias, egoísmo e mágoa. Quem ama não deixa dominar pela incivilidade, egocentrismo e ressentimento.
• Sem amor, resta a "alegria" com a tristeza do próximo, mas quem ama apenas se alegra quando o outro tem motivos para se sentir feliz.
3. O amor agápe derramado em nós.

Quando recebemos, pela fé, o Senhor Jesus, nos tornamos uma nova criatura (João 3.3). Assim, está enxertado em nós a essência do Pai. Se somos discípulos de Cristo, amamos ao Pai, ao próximo e a nós mesmos.

Este amor flui de Deus para nós, que devemos retornar a Ele em adoração, serviço e obediência a sua Palavra (1 João 4.19).

Analise o paralelo entre Gálatas 5.22, 23 e 1 Coríntios 13.1-7.
a. Amor. Não procura seus próprios interesses, não é egoísta ou egocêntrico.
b. Alegria. O amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.
c. Paz. O amor não se irrita, mas é sereno e estável.
d. Longanimidade. O amor é paciente e benigno.
e. Benignidade. O amor é misericordioso, interessado, tem consideração pelos outros; quem ama não é invejoso.
f. Bondade. O amor é maravilhoso, cheio de graça, generoso, é bondoso e terno.
g. Fidelidade. O amor não é maldoso, tem fé em Deus e acredita no que há de melhor nos outros.
h. Mansidão. O amor é humilde e meigo, não se exalta a si mesmo.
i. Domínio próprio. O amor é disciplinado, controla-se. Não se porta inconvenientemente.
II. Amar a Deus e ao próximo.

1. O amor a Deus.

Amar a Deus é nosso maior privilégio e dever. Seguindo o exemplo de Jesus (João 14.21; Efésios 3.17-19). nós devemos amar de todo o coração, alma, força e entendimento. Quando amamos assim, amaremos o que Ele ama e lhe pertence: sua Palavra, seus filhos, sua obra, sua Igreja e as ovelhas perdidas, pelas quais empreenderemos esforços para que sejam salvas (Filipenses 1.29).

2. O amor a si mesmo.

Pode parecer estranho sugerir que o amor agápe inclui amar a si mesmo. Este amor nos leva a nos preocupar com o "eu espiritual", e a buscar primeiro o Reino de Deus e sua justiça, porquanto reconhecemos ser a vida eterna mais importante do que nossa existência aqui na terra. O cristão que ama a si mesmo com amor agápe não só cuidará de suas necessidades pessoais, mas também permitirá que o Espírito Santo desenvolva o seu caráter mediante o estudo da Palavra de Deus, a oração e as comunhão com outros crentes. Ele desejará que o fruto do Espírito se manifeste em sua vida, moldando-o à imagem de Cristo diariamente.

O pecado impede que a pessoa ame a si mesma. Há indivíduos que encontram dificuldade para amar a si mesmos em virtude de erros cometidos no passado. Eles sofrem de remorso. Contudo, o amor agápe, cuja fonte é Cristo, proporciona perdão completo a cada pecado cometido (Romanos 8.1). Podemos nos olhar através da graça de Deus e contemplar homens purificados pelo sangue precioso de Jesus e com uma nova natureza concedida pelo Espírito Santo.

3. O amor ao próximo.

O Deus amoroso deu o seu Filho Unigênito em favor do ser humano. Ninguém mais que o Deus Altíssimo sabe as implicações desse amor, pois Ele, em essência, é o verdadeiro Amor. Doeu em Deus Pai dar o seu Filho por amor. Mas Ele não se arrependeu de insitir em nós, pois nos amou desde a fundação do mundo. Logo, relacionamentos baseados neste amor sacrificial abrem a porta para o mistério do verdadeiro sentido da vida: amar o próximo como Deus nos amou.

III. Sob a tutela do amor, rejeitemos as obras das trevas.

1. Debaixo da tutela do amor.

Você deseja ser uma pessoa amorosa? Comece aceitando o seu lugar como filho muito amado por Deus, imite o Pai Celestial, viva em amor tal qual Cristo nos ama (Efésios 5.1-2).

Você quer aprender a perdoar? Então, pense em como foi perdoado. Esforce-se para ter um procedimento bondoso, cheio de compaixão, pronto a perdoar como Deus perdoou a todos nós (Efésios 4.32).

Você acha difícil pensar no próximo antes de pensar em si mesmo? Medite em Filipenses 2.6, que nos revela que Jesus sendo em forma de Deus não teve o desejo de apoderar-se da semelhança de Deus.

Você precisa ter mais paciência? Receba a paciência de Deus. Lembre-se de como Deus foi generoso com você,  (2 Pedro 3.9; Romanos 5.8).

Você tem dificuldade de suportar parentes ingratos e vizinhos mal-humorados? Deus lhe suporta quando você age dessa maneira (Lucas 6.35).

2. Amor, antídoto contra o pecado.

Em toda as Escrituras Sagradas, o Espírito afirma que nossa natureza humana não é reta e que não somos pessoas naturalmente boas que poderiam, se assim quisessem, produzir frutos bons. Em linguagem bem clara, as páginas da Bíblia mostram que a vida divina do Deus vivo tem que ser implantada em nosso espírito, para que possamos desenvolver o fruto do Espírito em nós (João 6.63).

Quando um dia aceitamos a Cristo como nosso Senhor, nos alinhamos com o ensino da Palavra de Deus sobre o amor, decidimos nos encontrar com o verdadeiro sentido da vida para a glória de Deus. E quanto mais eu tenho de Cristo, tanto mais tenho do seu amor; quanto mais tenho de Deus em mim, tanto mais tenho de sua bondade; quanto mais tenho o Espírito Santo, mais tenho da sua perfeição.

Não é fácil se afastar da impaciência, vaidade e orgulho. No entanto, se tomamos a decisão solene, na presença de Deus, de viver segundo o fruto do Espírito, não importando qual seja a circunstância, estaremos compromissados com o caminho do amor no estilo agápe.

Pratica-se o amor não somente por mandamentos positivos (Romanos 12.9-21; 13.10; 1 Coríntios 13.4, 6, 7), mas também por negativos. O amor é positivo e ao mesmo tempo negativo, pelo fato da propensão humano para o mal, o egoísmo e a crueldade. Oito dos dez mandamentos do Decálogo são negativos, porque o mal surge naturalmente e o bem, não.

A ideia de que a ética cristã deve ser novamente positiva é uma falácia baseada nas ideias da presente sociedade, que procura esquivar-se das proibições que referem-se aos desejos descontrolados da carne (Gálatas 5.19-21).

3. O amor leva à obediência.

A primeira evidência do amor cristão é apartarmos do pecado e de tudo aquilo que causa dano e tristeza ao próximo.

A recomendação de Jesus em Lucas 6.27-35 corresponde, com ligeiras modificações, a de Mateus 5.38-48. No contexto do Evangelho de Mateus, o ensino sucede à Lei do Talião, e incorporado á lei mosaica, exigia o castigo proporcional ao crime (Mateus 5.38). Lucas, por escrever  aos gentios, dispensa a frase "ouviste o que foi dito", por esta frase referir-se á tradição hebraica. A estrutura das estrofes dos versos 20-22 (bem-aventurados) se opõe aos versos 24-26 (os ais). Os termos "pobre", "fome", "choro", e "aborrecer" estão em contrastes com "ricos", "fartos", "risos" e "falar bem", formando um jogo de palavras e efeitos estilísticos que compõem a retórica do ensino de Cristo, para enfatizar que o pobre, o faminto, o odiado devem amar acima de todas as circunstâncias.

Veja Lucas 6.27, os verbos estão no imperativo, em foma de ordenança: amai; fazei, bendizei, orai. Devemos ser agentes ativos da prática do bem (versos 27-28). Este amor excelente foi demonstrado por Jesus que amou a todos, sem distinção.

Conclusão.

O amor nos transforma à medida que vivemos no compromisso de enxergar em cada ser humano a obra-prima de Deus. O convite para viver esse amor nunca deve ser pela coerção, pois para mudar o nosso próximo, em primeiro lugar, precisamos refrear as nossas ambições egoístas. Antes de pensarmos em mudar o outro, olhemos para nós mesmos e vejamos o que há de errado conosco.

E.A.G.

Compilação:
Ensinador Cristão, ano 18, nº 69, janeiro a março de 2017, página 42, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD);
Lições Bíblicas - As Obras da Carne e o Fruto do Espírito - Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente. Comentarista: Osiel Gomes. 1º trimestre de 2017, páginas 85 e 86, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD). 
Frutos do Espírito Santo, W. Phillip Keller, páginas 69-72, 73, 74, edição 1981, Venda Nova, MG (Editora Betânia)
Lições Bíblicas - O Fruto do Espírito: A plenitude de Cristo na vida do crente. Comentarista: Antônio Gilberto. 1º trimestre de 2005, páginas 19-24, Bangu, Rio de Janeiro/RJ (CPAD).