Por Eliseu Antonio Gomes
Uma pessoa amiga pediu opinião sobre o mercado gospel. O termo é costumeiramente usado de modo pejorativo. O que opinei se consiste nas linhas abaixo:
Primeiro, o óbvio e ululante: vivemos em um país capitalista. Nada se faz sem que haja dinheiro envolvido. Saia de casa e terá que desembolsar algum valor em dinheiro para o combustível do carro, a vaga de estacionamento dele, a comida do restaurante, a opção de lazer. Até para louvar ao Senhor é preciso colocar a mão no bolso: é necessário colaborar com a manutenção do templo e projetos evangelísticos e missionários, não se adquire Bíblia gratuitamente – mesmo que não tenha custado nada o exemplar que você usa, algum coração bondoso pagou por ele.
O que vem a ser o mercado gospel?
Para a pessoa desigrejada, aquelas que são avessas às instituições eclesiásticas, todas as denominações evangélicas fazem parte do “condenável mundo gospel". Elas desconsideram o pastor e seu salário, cuja origem são os dízimos e ofertas. Deploram os cultos realizados em templos, dizem que é ambiente de manipulação. Além disso, colocam “no mesmo saco” quem cante e grave CDs e DVDs com temáticas bíblicas.
Ao frequentador de igrejas reformadas, o mercado gospel é composto por crentes pentecostais e neopentecostais. Diz que é bobeira o falar em línguas, é circo os cultos fervorosos. Detesta como são realizadas a solicitação de ofertas durante o culto e qualquer solicitação de dinheiro publicamente, como nos casos de ajuda de custo aos projetos de programas de televisão e rádio.
O posicionamento do crente pentecostal é parecido com o do irmão reformado, é claro, tirando o foco de si mesmo e lançando-o encima do neopentecostal. Ele não considera o “neo” um cristão completo. Há quem até se aventure a lançar deboches sobre seus métodos de culto referente ofertas e dízimos, escarnecem contra aquelas pessoas que lançam CDs e DVDs.
Ao crente neopentecostal, o que é mercado gospel? Já ouvi "neo" dizer que gospel é uma palavrinha inglesa, cuja equivalente em português é “evangelho”. Sim, claro que é isso. Esta explicação é uma saída pela tangente. Acho curioso como o neo é criticado e critica pouco seus críticos.
Propositalmente, o conteúdo deste meu comentário não entrou pela questão teológica e doutrinária. Até esta altura do artigo, ainda não escrevi uma linha em favor ou contra movimentos e costumes da atividade comercial dos crentes. Então, alguém poderá pensar se a pessoa que fez a pergunta a mim queria saber se o mercado gospel é edificante ou nocivo para a fé cristã e aos que dele se utilizam.
Não fico encima do muro. Para mim, o mercado gospel é um conjunto de coisas e pessoas - independente de pertencer às alas reformada, pentecostal ou neopentecostal. Existem duas forças coordenadas envolvidas no mercado gospel. São fabricantes, lojistas e consumidores de CDs e DVDs de pregações e canções. É aquele pregador que para pregar condiciona valor monetário, também é a cantora que só se apresenta se pagarem o valor determinado. São líderes e liderados cristãos que os financia - mesmo que façam isso sem que aquele que recebe tenha solicitado ajuda de custo. É a indústria de Bíblias de Estudos e o crente que compra-as - você já reparou como as prateleiras de lojas estão saturadas dessa espécie de produto, e as editoras não param de lançar novidades; o cânon bíblico não basta mais?
Não existiriam pregadores e cantores cobrando sem a existência de quem se dispusesse a pagar. Existe o financiador, a pessoa pagante, seja no interior de templos ou eventos fora dele. Não existiriam projetos para novas Bíblias de Estudo, novos livros, novos CDs e DVDs, preleções gravadas sem compradores ávidos pelos lançamentos desses produtos.
O mercado gospel não escapa da Lei de Oferta e Procura. Por que será que Bíblias de editoras católicas são tão mais baratas do que as produzidas por editoras ditas evangélicas? A qualidade industrial é a mesma, mas o preço é exorbitantemente menor. Resposta: o cristão católico, da ala tradicional, não se interessa pela leitura bíblica com a mesma intensidade que o cristão protestante.
Minha opinião é que precisamos analisar o que é vendido e comprar apenas aquilo que sirva para a nossa edificação. Tomar cuidado com críticas, porque nem todos os críticos visam o interesse coletivo, muitos críticos defendem causas próprias usando o disfarce de atuação da defesa apologética.
Abordando a apologia cristã, alguns anos atrás determinado alguém vendia livros e fazia muitas palestras usando temas contrários ao movimento Teologia da Prosperidade. O preço do livro e o bilhete de entrada em conferências dele não estavam ao alcance do trabalhador pobre, assalariado com salário mínimo. Tristes contradições do mercado gospel brasileiro!
Cito Romanos 12, versículos 1 e 2, para lembrar que a vida do crente precisa ser considerada como constante culto racional ao Senhor - porque esta é a melhor maneira de se viver. Com base na passagem bíblica escrita pelo apóstolo Paulo, eu trago outra citação: existe uma charge muito perspicaz compartilhada por usuários do Facebook, tal arte contém duas figuras, uma diz "não gostei do culto", a outra responde "mas o culto não foi dedicado a você, foi para Deus". A qualidade do comércio envolve pessoas. É necessário ponderar a razão do dinheiro usado, porque o ato de cultuar não começa e termina em reuniões da igreja, lá entre as quatro paredes da igreja nós apenas cultuamos em sistema de coletividade.
Enquanto o ser humano é capaz de avaliar apenas a superfície de tudo que seu olhar alcança, o nosso Senhor avalia as intenções de cada pessoa, observa cada coração em todos os momentos, ouve e vê tudo o que é referente a Ele, e considera como serviço aceitável apenas as ações que são realizadas com devoção sincera, seja nós estando em grupo ou sozinhos, com propósito de adorá-lo ou esquecidos que Ele existe.
O que é o mercado gospel para Deus, ao ver você envolvido nele?
E.A.G.
Publicado originalmente no blog Belverede.
Uma pessoa amiga pediu opinião sobre o mercado gospel. O termo é costumeiramente usado de modo pejorativo. O que opinei se consiste nas linhas abaixo:
Primeiro, o óbvio e ululante: vivemos em um país capitalista. Nada se faz sem que haja dinheiro envolvido. Saia de casa e terá que desembolsar algum valor em dinheiro para o combustível do carro, a vaga de estacionamento dele, a comida do restaurante, a opção de lazer. Até para louvar ao Senhor é preciso colocar a mão no bolso: é necessário colaborar com a manutenção do templo e projetos evangelísticos e missionários, não se adquire Bíblia gratuitamente – mesmo que não tenha custado nada o exemplar que você usa, algum coração bondoso pagou por ele.
O que vem a ser o mercado gospel?
Para a pessoa desigrejada, aquelas que são avessas às instituições eclesiásticas, todas as denominações evangélicas fazem parte do “condenável mundo gospel". Elas desconsideram o pastor e seu salário, cuja origem são os dízimos e ofertas. Deploram os cultos realizados em templos, dizem que é ambiente de manipulação. Além disso, colocam “no mesmo saco” quem cante e grave CDs e DVDs com temáticas bíblicas.
Ao frequentador de igrejas reformadas, o mercado gospel é composto por crentes pentecostais e neopentecostais. Diz que é bobeira o falar em línguas, é circo os cultos fervorosos. Detesta como são realizadas a solicitação de ofertas durante o culto e qualquer solicitação de dinheiro publicamente, como nos casos de ajuda de custo aos projetos de programas de televisão e rádio.
O posicionamento do crente pentecostal é parecido com o do irmão reformado, é claro, tirando o foco de si mesmo e lançando-o encima do neopentecostal. Ele não considera o “neo” um cristão completo. Há quem até se aventure a lançar deboches sobre seus métodos de culto referente ofertas e dízimos, escarnecem contra aquelas pessoas que lançam CDs e DVDs.
Ao crente neopentecostal, o que é mercado gospel? Já ouvi "neo" dizer que gospel é uma palavrinha inglesa, cuja equivalente em português é “evangelho”. Sim, claro que é isso. Esta explicação é uma saída pela tangente. Acho curioso como o neo é criticado e critica pouco seus críticos.
Propositalmente, o conteúdo deste meu comentário não entrou pela questão teológica e doutrinária. Até esta altura do artigo, ainda não escrevi uma linha em favor ou contra movimentos e costumes da atividade comercial dos crentes. Então, alguém poderá pensar se a pessoa que fez a pergunta a mim queria saber se o mercado gospel é edificante ou nocivo para a fé cristã e aos que dele se utilizam.
Não fico encima do muro. Para mim, o mercado gospel é um conjunto de coisas e pessoas - independente de pertencer às alas reformada, pentecostal ou neopentecostal. Existem duas forças coordenadas envolvidas no mercado gospel. São fabricantes, lojistas e consumidores de CDs e DVDs de pregações e canções. É aquele pregador que para pregar condiciona valor monetário, também é a cantora que só se apresenta se pagarem o valor determinado. São líderes e liderados cristãos que os financia - mesmo que façam isso sem que aquele que recebe tenha solicitado ajuda de custo. É a indústria de Bíblias de Estudos e o crente que compra-as - você já reparou como as prateleiras de lojas estão saturadas dessa espécie de produto, e as editoras não param de lançar novidades; o cânon bíblico não basta mais?
Não existiriam pregadores e cantores cobrando sem a existência de quem se dispusesse a pagar. Existe o financiador, a pessoa pagante, seja no interior de templos ou eventos fora dele. Não existiriam projetos para novas Bíblias de Estudo, novos livros, novos CDs e DVDs, preleções gravadas sem compradores ávidos pelos lançamentos desses produtos.
O mercado gospel não escapa da Lei de Oferta e Procura. Por que será que Bíblias de editoras católicas são tão mais baratas do que as produzidas por editoras ditas evangélicas? A qualidade industrial é a mesma, mas o preço é exorbitantemente menor. Resposta: o cristão católico, da ala tradicional, não se interessa pela leitura bíblica com a mesma intensidade que o cristão protestante.
Minha opinião é que precisamos analisar o que é vendido e comprar apenas aquilo que sirva para a nossa edificação. Tomar cuidado com críticas, porque nem todos os críticos visam o interesse coletivo, muitos críticos defendem causas próprias usando o disfarce de atuação da defesa apologética.
Abordando a apologia cristã, alguns anos atrás determinado alguém vendia livros e fazia muitas palestras usando temas contrários ao movimento Teologia da Prosperidade. O preço do livro e o bilhete de entrada em conferências dele não estavam ao alcance do trabalhador pobre, assalariado com salário mínimo. Tristes contradições do mercado gospel brasileiro!
Cito Romanos 12, versículos 1 e 2, para lembrar que a vida do crente precisa ser considerada como constante culto racional ao Senhor - porque esta é a melhor maneira de se viver. Com base na passagem bíblica escrita pelo apóstolo Paulo, eu trago outra citação: existe uma charge muito perspicaz compartilhada por usuários do Facebook, tal arte contém duas figuras, uma diz "não gostei do culto", a outra responde "mas o culto não foi dedicado a você, foi para Deus". A qualidade do comércio envolve pessoas. É necessário ponderar a razão do dinheiro usado, porque o ato de cultuar não começa e termina em reuniões da igreja, lá entre as quatro paredes da igreja nós apenas cultuamos em sistema de coletividade.
Enquanto o ser humano é capaz de avaliar apenas a superfície de tudo que seu olhar alcança, o nosso Senhor avalia as intenções de cada pessoa, observa cada coração em todos os momentos, ouve e vê tudo o que é referente a Ele, e considera como serviço aceitável apenas as ações que são realizadas com devoção sincera, seja nós estando em grupo ou sozinhos, com propósito de adorá-lo ou esquecidos que Ele existe.
O que é o mercado gospel para Deus, ao ver você envolvido nele?
E.A.G.
Publicado originalmente no blog Belverede.