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terça-feira, 31 de outubro de 2017

A vida de Martinho Lutero


No calabouço, condenado pelo Papa a ser queimado vivo, o reformador João Huss fez a seguinte afirmação: Podem matar o ganso (em seu idioma "huss" significa ganso), porém daqui a cem anos, Deus fará nascer um cisne que não serão capazes de queimar".

Após cento e dois anos de João Huss falecer na fogueira, o "cisne" pregou, na porta da Igreja em Wittenberg, as suas 95 Teses contra as indulgências, postura que causou o início da Reforma Protestante.

Infância e juventude

Martinho Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483, em Eisleben, na Alemanha. Seguindo a tradição, foi batizado um dia depois. O batismo aconteceu na Igreja de São Pedro e São Paulo daquela cidade. O reformador recebeu o nome de Martinho por causa de Martinho de Tours, o santo lembrado naquele dia.


Lutero era de família pobre, de sete filhos. Seus pais eram camponeses da aldeia de Möhra, ao sul de Eisleben, e se esforçavam para criá-los. se interessavam tanto pelo desenvolvimento físico, quanto intelectual e espiritual de cada uma de suas crianças. O pai, Hans Luder, ensinava-os a orar; a mãe, Margarete, a que os filhos considerassem os monges homens santos e as transgressões dos regulamentos da igreja como transgressões das leis de Deus. Assim, Lutero cresceu conhecendo os Dez Mandamentos, a oração do Pai Nosso, respeitando a Santa Sé e Roma. Já adulto, revelou que tremia ao ouvir a pronuncia do nome de Jesus, porque entendia que se tratada de um juiz enraivecido. 

Aos 13 anos, Lutero foi enviado para uma escola franciscana. Ali, confessava-se com frequência e o padre lhe impunha penitências e o obrigava a fazer boas obras, para obter absolvição. Era esforçado, vivia de maneira piedosa com o propósito de receber o favor de Deus, intenção que o fez ir para a conhecida Escola da Catedral, em Magdeburgo. No ano seguinte, com a esperança que melhorasse suas condições financeiras, seus pais o transferiram, porém a situação paupérrima continuou. Ele começou a estudar na Escola Paroquial de São Jorge, em Eisenach, onde residiam vários parentes.

Nesse período em que estudou em Magdeburgo e Eisenach, como vários alunos faziam, passou a mendigar para garantir sua subsistência. Ganhava parte de seu sustento cantando em coros que iam de porta em porta, dando a doadores piedosos a oportunidade de fazer contribuição considerada agradável a Deus. Não abandonou os estudos porque uma senhora de posses, Dona Úrsula, comovida ao vê-lo comer restos de comida e rezar na igreja, acolheu-o em sua casa e ali recebeu sólida educação.

Aos dezoito anos, na primavera de 1501, como filho de alguém que era membro de uma burguesia em ascensão, seus pais haviam se estruturado financeiramente, teve a oportunidade de ingressar  na Universidade de Erfurt, o centro intelectual da Alemanha, onde estudavam mais de mil alunos. Apegado aos estudos, um ano depois conquistou o grau de bacharel em filosofia. Após receber o bacharelado, adoeceu, a enfermidade quase pôs fim em sua vida e aumentou sua vontade de buscar mais conhecimento bíblico.

Aos 21 anos de idade, adquiriu o grau acadêmico e o de doutor em filosofia. Por insistência da família, deu início ao curso de Direito, que deveria lhe abrir caminho para uma bem sucedida carreira profissional.

Na biblioteca da faculdade, encontrou a Bíblia Sagrada em latim. Antes da leitura, supunha que as porções escolhidas pela igreja para lerem aos domingos, formavam a totalidade da Palavra de Deus. Lendo as Escrituras, foi tocado pela luz divina, e sentiu profunda sede de Deus.

Costumava preceder seus estudos com uma visita à igreja e uma prece a Deus. Dizia: "orar bem é a melhor parte dos estudos".

Vida no Mosteiro

No dia 2 de junho de 1505, ao retornar da casa dos pais, foi envolvido por uma tempestade na aldeia de Stotternheim. Sem qualquer possibilidade de encontrar um abrigo seguro, viu um raio cair bem perto de onde estava e, assustado, prostrou-se exclamando "Santa Ana, me ajude e eu me tornarei monge!" Nem mesmo no final da Idade Média, esse tipo de voto, feito em momento de dificuldade, seria visto como obrigatório. Mas, Lutero entendeu o fato como um chamado divino e se manteve fiel à sua promessa.

Seu pai queria vê-lo formado em Direito, mas antes que completasse 21 anos entrou para a vida monástica no Mosteiro Negro da Ordem dos Agostinianos Eremitas na cidade de Erfurt. Fase que se submetia aos serviços de porteiro, varredor de igreja e celas, e coveiro. Não recusava mendigar nas ruas da cidade o pão cotidiano para o convento. Se tornaram coisas normais para Lutero fazer penitencia, realizar jejuns prolongados, abstinências rígidas, cuidadoso autoexame. E mesmo recluso em sua cela sentia que deveria lutar contra os maus pensamentos. 

Na ocasião em que a ordem monástica de Lutero lhe deu a incumbência de estudar teologia, João von Stauptz, vigário-geral da ordem agostiniana, e, ao mesmo tempo, professor de teologia da Universidade de Wittenberg, visitou o convento. Entre Stauptz e Lutero houve um diálogo pastoral intenso, e Stauptz compreendeu o grau de devoção do jovem Lutero e ofereceu-lhe uma Bíblia Sagrada, na qual leu que "o justo viverá pela fé", e lhe disse "É preciso olhar para o homem que se chama Cristo". Lutero passou a ler a Bíblia, quase que ininterruptamente, percebeu que Deus não somente perdoou os pecados de Daniel e Simão Pedro, mas também os seus. Após isso, Lutero foi ordenado padre. 

Aos 25 anos de idade, Lutero recebeu a nomeação para a cadeira de filosofia em Wittenberg, e se transferiu para viver no convento de sua ordem. Multidões fluíam para ouvi-lo discursando, pois se baseava na Palavra de Cristo e não em bases da filosofia.

O coração de Lutero, elevado à dignidade de doutor em teologia abrasava-se do desejo de conhecer as Sagradas Escrituras. Os livros que estudou e as margens repletas de anotações que escreveu em letras miúdas, servem aos literatos atuais como modelo de como meticulosa e pormenorizadamente estudava tudo de maneira organizada. A respeito da transformação em sua vida espiritual, escreveu o seguinte:

"Desejando ardentemente compreender as palavras de Paulo, comecei o estudo da da Epístola aos Romanos. Porém, logo no primeiro capítulo consta que a justiça de Deus se revela no Evangelho (versículos 16 e 17). Eu detestava as palavras: 'a justiça de Deus', porque, conforme fui ensinado, eu a considerava como um atributo do Deus santo que o leva a castigar os pecadores. Assim odiava a um Deus justo, que castiga os pecadores... Contudo, depois de meditar sobre esse ponto durante muitos dias e noites, Deus, na sua graça, me mostrou a palavra: 'O justo viverá da fé.' Vi então que a justiça de Deus, nesta passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus  pela fé, como dádiva."

Dessa maneira, a alma de Lutero saiu da escravidão. Ele levou o povo a considerar a verdadeira religião, não como uma mera profissão, ou sistema de doutrinas, mas como vida em Deus. A oração não era mais um exercício sem sentido, mas o contato do coração com Deus que cuida de nós com um amor indescritível. Lutero não apenas pregava a virtude, mas praticava-a.

O professorado do Lutero

No dia 9 de março de 1509, Lutero recebeu o grau de Bacharel em Bíblia e a partir daquele momento tinha a incumbência de ensinar os livros bíblicos na faculdade de teologia. No outono daquele mesmo ano, voltou a Erfurt, com o objetivo de apoiar o projeto educacional daquela cidade. Algum tempo após, foi enviado a Roma em companhia de outro monge, para tratar de um problema relacionado com a Ordem dos Agostinianos. Lutero permaneceu quatro semanas em Roma, percorreu todas as igrejas e catacumbas. Mais tarde, relembrando aquela visita, relatou que foi a primeira vez que se sentiu ofendido e começo a questionar a comercialização e banalização da religiosidade.

Depois de voltar de Roma, Lutero foi chamado a Wittenberg por iniciativa de Staupitz. Em outubro de 1512, recebeu o grau de doutor em teologia com a incumbência de assumir o professorado que havia sido de Stauptz.

Lutero possuiu forte disposição para se dedicar a sua atividade docente explicando sobre os livros da Bíblia. À partir do verão de 1513, regularmente fazia explicação de livros bíblicos. A exposição dos livros da Bíblia passou a ser o centro da atividade teológica de Lutero. Fez preleções sobre os Salmos, a Carta aos Romanos, a Carta aos Gálatas e a Carta aos Hebreus. Em seu preparo para tais preleções, fazia uso de obras sobre gramática do hebraico e edições de textos gregos, entre elas a publicação do Novo Testamento Grego de Erasmo de Roterdã, em 1516.

As indulgências

Durante o ano de 1517, Lutero tomou ciência que o comércio de indulgências ia de vento em popa do outro lado da fronteira Saxônica. Cada vez mais pessoas de Wittenberg e daquela região se deslocavam ao vizinho domínio do arcebispo Alberto, para adquirir um certificado de indulgência. Quem estava encarregado dessa venda de indulgências era um padre dominicano chamado João Tetzel. Metade do dinheiro arrecadado com as indulgências se destinava à construção da Basílica de São Pedro em Roma. Essas arrecadações eram especialmente atrativas, assim o Papa Leão promulgou uma "indulgência plenária", supostamente capaz de anular o castigo de todos os pecados.

Depois de várias vezes, em suas pregações, Lutero manifestar-se contra a venda de indulgências, se sentiu na obrigação de apelar diretamente ao arcebispo Alberto, enviando-lhe uma carta extensa. Não recebeu resposta, mas a carta fez com que o assunto chegasse à curia romana. Paralelamente, os dominicanos, instigados por Tetzel, decidiram se dirigir ao Papa, acusando Lutero de suspeita de heresia.

 A Reforma

Em sua teologia, Lutero desenvolveu uma postura crítica capaz de questionar modelos teológicos que podem levar pessoas ao desespero. A partir da leitura bíblica, se voltou cada vez mais contra uma teologia que faz com que o relacionamento com Deus dependa de condições e exigências e que se vale do medo da morte e do inferno para estimular práticas piedosas na forma de contribuições e ofertas.

Em outubro de 1517, com o objetivo de fazer a defesa do Papa contra os vendedores de indulgências, e não com o intuito de atacar a Igreja Romana, Lutero afixou à porta da Igreja do Castelo em Wittenberg, as suas 95 Teses, o teor das quais é que Cristo requer o arrependimento e a tristeza pelo pecado e não a penitência. Lutero pregou as proposições para um debate público, como era costume naquela época. Entretanto, as teses, escritas em latim, apresentadas para uma discussão teológica, em pouco tempo acabaram se tornando uma questão de direito canônico. Pois, logo foram traduzidas em alemão, holandês e espanhol, e, para surpresa do reformador, antes de completar um mês, o conteúdo já era conhecido na Itália, estremecia os alicerces de toda a Santa Sé e Silvestre Mazzollini Priérias, dominicano e teólogo da corte papal, elaborou um relatório contra Lutero em que apresentava a controvérsia sobre a questão das indulgências como sendo essencialmente uma crítica ao Papa.

Em agosto de 1518, Lutero foi chamado a Roma para responder a denúncia de heresia. A ordem do Papa em Augsburgo foi: Retrate-se ou não voltará daqui". Lutero conseguiu fugir por uma pequena cancela no muro da cidade, durante a noite. Um ano após afixar as teses, era o homem mais popular da Alemanha. Não havia jornais impressos nesse tempo, apesar disso as ideias transmitidas por Lutero fluíam da sua pena, escrevia respostas a todos os seus críticos para serem publicadas em folhetos. O que produziu por meio de escrita, hoje seriam cem volumes de livros robustos.

Quando o emissário do Papa exigiu da Lutero que se retratasse, ele respondeu:  

"Se não me refutardes pelo testemunho das Escrituras - desde que não creio nos papas e nos concílios, por ser evidente que já muitas vezes se enganaram e se contradisseram uns aos outros - a minha consciência tem de ficar submissa à Palavra de Deus."

A cidade de Worms ao receber a corajosa resposta de Lutero ao porta-voz do Papa, alvoroçou-se. As palavras do reformador foram publicadas e espalhadas entre o povo que afluiu para honrá-lo. Os papistas não conseguiram influenciar o imperador a violar o salvo conduto, para que conseguissem queimá-lo na fogueira. Na noite de 25 de abril, Lutero foi informado da parte do imperador que este, a partir daquele momento, na condição de patrono da fé católica, entraria em ação contra ele. Na manhã seguinte Lutero deixou a cidade de Worms, assim que retornou a Wittenberg e o imperador emitiu um decreto contra Lutero também segundo as leis imperiais, declarando-o herege.

Castelo forte

Na viagem de volta a Wittenberg, nas proximidades de Eisenach, Lutero sofreu um aparente sequestro, rodeado subitamente por um grupo de cavaleiros mascarados que, após despedir as pessoas que o acompanhavam, conduziram-no ao castelo de Wartburgo. Isto foi o estratagema do príncipe da Saxônia para salvar Lutero dos inimigos que planejavam matá-lo ao chegar em sua casa. Lutero ficou escondido no castelo por dez meses, disfarçado como cavaleiro Jorge.

Os escritos de Lutero

No castelo, Lutero passou muitos meses disfarçado; o mundo o considerava morto. Livre dos inimigos, encontrou a liberdade para escrever, e o mundo logo soube, pela quantidade de literatura, que essa obra saía da sua pena, e que, ele, de fato, vivia.

Lutero recusava vender seus escritos, deixava todo o lucro para os tipógrafos. Nunca aceitou um centavo de direitos por causa da sua produção literária. Calcula-se que escreveu 180 volumes em sua língua materna e quase um número igual  no latim. 

A tradução bíblica de Lutero

O período em que esteve escondido no castelo, teve como acontecimento mais importante a tradução do Novo Testamento para o idioma alemão. Lutero conhecia bem o hebraico e o grego e em três meses tinha vertido todo o Novo Testamento  - e poucos meses depois a obra estava impressa e nas mãos do povo. Cem mil exemplares foram vendidos em quarenta anos. Esse número de circulação era imenso para aquele tempo. O êxito da sua tradução não se baseia  somente  sobre seus indiscutíveis dotes literários; o que lhe deu sustentação é que ele conhecia a Bíblia, como ninguém podia conhecê-la, e achar nas Escrituras a verdadeira e profunda consolação. Lutero conhecia intimamente o Autor da Bíblia.

O casamento

A obra intitulada Sobre os Votos Monásticos, que Lutero escreveu enquanto estava em Wartburgo, contribuiu para que monges e freiras abandonassem o convento. Em 1523, chegaram em Wittenberg nove freiras que haviam fugido do convento de em Nimbschen. Uma delas era Catarina von Bora, de uma família nobre empobrecida da região Saxônia e, ainda criança, entregue ao monastério. Como havia feito com outras freiras, Lutero tentou arranjar um casamento para Catarina, mas sem êxito. Foi nesse período que Catarina descobriu seu interesse amoroso por Lutero, e para surpresa de todos Lutero se casou com ela em 13 de junho daquele ano. Quem oficiou o casamento foi o pastor da cidade, João Bugenhagen. Para Lutero, o enlace matrimonial foi um símbolo de esperança e, ao mesmo tempo, um sinal de que ele continuava fiel às suas convicções e pessoalmente entendia que o matrimônio é uma das boas ordens que Deus nos deu.

Ambos tiveram seis filho, dois dos quais morreram ainda jovens. A família se reunia em culto doméstico, Lutero lia a Bíblia que traduziu e todos louvavam juntos até sentirem a presença de Deus.

A família morou no antigo mosteiro dos agostinianos, em Wittenberg, que havia ficado vazio. Catarina o transformou em um centro de vida comunitária. Ali se reuniam pessoas que haviam abandonado as ordens monásticas e, em maior ou menor número, adeptos da Reforma que possuíam posses. Ali se fazia festa, se tocava música e se trabalhava. Naquele local, foram proferidas e registradas as famosas "conversas à mesa", graças às quais temos um grande volume de informações sobre o reformador.
A promoção às mansões celestiais

No desenvolvimento da Reforma, Lutero já estava menos em evidência na década de 1530 do que nos anos anteriores. Surgiram outros centros evangélicos, como Estrasburgo, Genebra e Zurique. E outros reformadores, como Bucer, Bullinger e Malanchthon se tornaram cada vez mais influentes no cenário internacional.

A parte final da vida de Lutero foi marcada por sofrimentos e polêmica.

Apesar de sofrer de várias enfermidades, como a doença de Meniére - que provoca zumbido nos ouvidos, náuseas e vertigem -,  dores constantes por conta de pedra nos rins, angina, entre outros males, não se deixou abater.

Um dos temas que Lutero destacou no final de sua vida foi o conceito de igreja. No artigo “Dos Concílios da Igreja”, escreveu o seguinte:

"Para se reconhecer a igreja verdadeira, a primeira e mais clara marca é a 'santa palavra de Deus’. E acrescentam outras marcas identificadoras: a correta administração dos sacramentos do batismo, e da santa ceia, o uso correto do poder das chaves (absolvição), o chamado de pregadores que ensinam a sã doutrina, a oração pública e a disposição para carregar a cruz com paciência em meio a tentações e perseguição.”

Na obra A Respeito dos Judeus e de suas Mentiras, publicada em 1543, amargurado, ele afirma que os judeus se valeram da bondade dos cristãos para falar mal de Cristo e revelar ódio contra toda a cristandade. Lutero sugere que os judeus sejam expulsos do meio cristão, que sinagogas sejam queimadas, que o judeu perca o direito de ir e vir. No mesmo ano, escreve mais duas obras sobre o mesmo tema, mas estas tiveram menos circulação que a primeira. Estas obras são vistas hoje como a principal mácula de sua biografia.

Nos seus sessenta e dois anos pregou seu último sermão sobre o texto "Ocultastes essas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos."

Lutero foi capaz de relativizar sua importância:

"Peço que omitam o meu nome e não se chamem de luteranos, mas de cristãos. O que é Lutero? A doutrina não é minha. Tampouco fui crucificado em favor de alguém... Que pretensão seria essa de um miserável e fedorento saco de vermes como eu, se quisesse que os filhos de Cristo fossem chamados por meu desastrado nome? Que não seja assim, amigos. Vamos extirpar os nomes de partidos e nos chamar de cristãos, pois a doutrina que temos é de Cristo."

Durante a noite de 17 de fevereiro de 1546, em Eisleben, cidade em que nasceu. Lutero acordou angustiado e com falta de ar, estava abatido pela tristeza por causa de situações de doença e morte na família e no círculo de amigos. Recitou João 3.16 três vezes, orou louvando a Deus. Diante da pergunta do amigo Jonas Justus se queria morrer fazendo confissão do Cristo que havia pregado, Lutero respondeu "sim". E Cristo o chamou ao ser acometido por um ataque do coração. Então fechou os olhos, adormeceu.

Num bilhete, que escreveu pouco antes de morrer, Lutero colocou algo que pode ser visto como o resumo de sua obra:

"Que ninguém pense que já saboreou suficientemente as Escrituras Sagradas a menos que, na companhia dos profetas, tenha dirigido comunidades ao longo de cem anos. Não procure ter domínio dessa vida Eneida, mas, com humildade, adore as suas pegadas. Somos mendigos. Essa é a verdade."

O corpo de Lutero foi levado a Wittenberg, onde foi sepultado. Bugenhagen fez a pregação e Melanchthon exaltou o falecido com um discurso em latim, ressaltando que, por meio de Lutero, Deus nos devolveu a proclamação do evangelho. E este é o único motivo pelo qual vale à pena preservar a memória de Lutero como "importante instrumento nas mãos de Deus".

Conclusão

A porta original da Igreja do Castelo em Wittenberg, feita de madeira, na qual Martinho Lutero afixou as 95 Teses, foi destruída pelo fogo provocado pelo bombardeio de Wittenbeg, em 1760. Ela foi substituída por outra de bronze em 1812, na qual estão gravadas as 95 Teses. Contudo, Lutero não fez constar as 95 Teses no metal, mas no coração de centenas de milhares de almas.

E.A.G.

Compilações:
Bíblia de Estudo da Reforma; Martinho Lutero: sua vida, sua teologia; edição 2017, Barueri/SP (SBB).
Heróis da Fé - Vinte Homens Extraordinários que Incendiaram o Mundo; Orlando Boyer, 4ª edição 1987, Rio de Janeiro (CPAD).

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