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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Deus: o nosso provedor

Por Eliseu Antonio Gomes

"Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz" - Salmos 37.11.

Embora o homem tenha livre-arbítrio, Deus é soberano. Soberania e livre-arbítrio sempre tiveram inúmeras tensões no campo da teologia. Quando levamos em conta a teologia bíblica defrontamo-nos com textos que nos mostram Deus respeitando a liberdade do homem, noutro momento lançando esta liberdade para segundo plano. Ora, Ele é um Deus soberano, eterno, majestoso e Senhor de todas as coisas. 

1. A razão de Isaque pensar em descer ao Egito

O procedimento de Isaque com seus vizinhos (Gênesis 26.1-5).

Deus havia feito uma promessa a Abraão e seus descendentes, porém isso, não significava que não enfrentariam obstáculos e crises. Tanto o patriarca Abraão quanto Isaque enfrentaram a crise da falta de alimento.

Semelhante às relações de Abraão com os vizinhos pagãos, os contatos de Isaque com o povo de Canaã tinham um padrão alterado de desconfiança, paciência e reconciliação. Até as bênçãos de prosperidade concedidas por Deus a Isaque pareciam impedir os esforços dele em estabelecer relacionamento pacífico com eles.

O tempo de fome naquela região semi-árida, forçou Isaque a buscar pastagem ao longo da planície costeira a leste do mar Mediterrâneo e ao sul e oeste de Canaã, em Gerar. Era território de Abimeleque, rei dos filisteus, perto da fronteira do Egito. Mas logicamente a região mais rica do delta do Egito estava atraindo Isaque para sua direção. Foi então que apareceu-lhe o Senhor (Gênesis 26.2). Deus disse a Isaque que ficasse longe do Egito. Renovou as promessas dadas a Abraão, e as aplicou a Isaque. Canaã seria a casa de Isaque e lá ele conheceria a presença de Deus. Novamente, Deus destacou a ideia da semente como as estrelas dos céus (versículo 4) e ressaltou a garantia de que todas as nações da terra colheriam bênçãos dos seus descendentes. A promessa de Deus foi passada para Isaque, porquanto Abraão obedeceu à voz do Altíssimo (versículo 5).

2. A crise que Isaque teve que enfrentar com seus vizinhos em Gerar (Gênesis 26.6-16).

Após ouvir a voz de Deus dizendo-lhe para não descer ao Egito, Isaque se estabeleceu em Gerar, ao sul de Gaza. O medo dificultou Isaque de estabelecer relações amigáveis com os vizinhos pagãos. Os valores morais daquela gente eram tais que uma família estrangeira se sentiria justificada em ter medo.

Em Gerar, aceitava-se que os reis pagãos tivessem direitos conjugal de toda mulher que lhes agradasse. Como Abraão, Isaque se defendeu de suposto dano pessoal no peculiar costume dos seus antepassados: o casamento com irmã-esposa. Neste arranjo, até uma prima ou uma não-parenta seria adotada na família como irmã do noivo e, assim, seria legalmente irmã e esposa. Ver: Gênesis 12.10-13; 20.2,11-13.

Em sua relação com Rebeca, Isaque informou os filisteus sobre o aspecto de irmã, mas não sobre o aspecto de esposa. Os pagãos não fizeram movimento que indicasse desejo por Rebeca. O rei Abimeleque viu casualmente Isaque no que teria sido uma situação comprometedora com uma irmã e suspeitou da verdade. Chamou Isaque, checou as suspeitas e, depois, o reprovou. Abimeleque declarou que Isaque poderia ter enganado um filisteu, fazendo este pecar contra Rebeca. O engano de Isaque, provocado por medo, diminuiu a opinião que o pagão tinha sobre ele, negando a oportunidade de o patriarca ser uma bênção. Isaque permaneceu no território fazendo bom uso dos poços cavados no tempo de Abraão.

Deus manteve sua promessa de abençoar Isaque. Os vizinhos filisteus ficaram invejosos e enciumados porque tudo que ele fazia parecia dar certo, e assim tornaram-se seus inimigos e tentaram livrar-se dele. A inveja é uma força que produz perversidade.

3. A demonstração de paciência sob pressão de Isaque (26.17-25)

Embora tivesse uma produção extraordinária das colheitas, resultado de irrigação possibilitada pela água tirada dos poços, Isaque também sofreu em Gerar. Apesar de o patriarca obter aumento da riqueza, por causa da bênção de Deus sobre ele, foi alvo da inveja no coração dos filisteus, que entulharam todos os poços que ele usava e depois o expulsavam Isaque da cidade (Gênesis 26. 7, 8, 15. 16).

Por duas vezes os filisteus entulharam seus poços. E Isaque buscava por água abrindo outro poço em área diferente e a continuar a preparar novos campos para plantação. Em vez de brigar, Isaque se mudava, cavava outros poços, os quais eram repetidamente entulhados na sua presença. Em vez dos filisteus aprenderem os novos e importantes métodos de agricultura com Isaque, tolamente preferiram fechar os poços e expulsar o patriarca para longe da convivência deles. O primeiro poço entulhado, Isaque chamou de Eseque (que significa disputa ou rixa); o segundo, nomeou-o de Sitna (que quer dizer "inimizade"; "hostilidade" e, o terceiro, que os filisteus não o incomodaram, deu-lhe o nome de Reobote quer dizer “lugar espaçoso, alargamento”, ou seja, local para homens que buscam a paz vivam em paz (Gênesis 26.18, 20-23).

Isaque, mesmo enfrentando problemas com a vizinhança, não deixou de trabalhar, de investir e crer na provisão divina. Em todas as circunstâncias Isaque pode ver a suficiência do Senhor.

4. Por que ao cristão, em tempos de crise, é preciso "cavar poços"?

Por três vezes Isaque e seus homens cavaram novos poços. Quando as duas primeiras disputas surgiram, Isaque mudou de lugar. Finalmente, na terceira perfuração do solo, descobriu o espaço que contentava a todos. Ao invés de dar início a um grande conflito, Isaque comprometeu-se com a paz.

Se você está atravessando uma crise, seja ela financeira, familiar, ministerial ou espiritual; não desanime. Peça a Deus sabedoria para saber quando se retirar e quando ficar e resistir. Continue a "cavar poços", onde o Senhor mostrar que deve "perfurá-los"; trabalhando e crendo na direção de Deus, você experimentará a provisão divina.

5. Não há solução mágica

No Brasil, a crise financeira está assolando todas as classes sociais, mas uma crise assim não acontece da noite para o dia. Há uma série de decisões macro e microeconômicas tomadas equivocadamente, tais atitudes trazem prejuízos irreparáveis a uma nação. Na esfera da economia doméstica, se não houver uma consciência de que se a nossa despesa for maior que a nossa receita, brevemente entraremos num colapso econômico. Má gestão e decisões equivocadas são as razões das principais crises financeiras. É o que ocorre com o nosso país e ocorre com inúmeras famílias.

Além disso, é uma verdade imponderável que problemas financeiros assaltam muitas vidas de surpresa. O desemprego, o problema de saúde. Muitos servos de Deus entram numa provação causticante onde só perceberam que entraram em crise tempos depois, pois não imaginariam de modo algum o que viria pela frente. Aqui está a soberania de Deus, no momento quando não há mais solução visível, nem perspectiva de auxílios externos, Ele age em nosso favor e derrama da sua misericórdia para conosco.

Compreendendo a natureza do Deus eterno, é que devemos olhar para os problemas deste mundo. Em tempos de crises financeiras não se volte às coisas desse mundo, mas busque a suficiência do Pai Celeste. São muitas pessoas que têm provado da provisão de Deus nos momentos de angústias e tribulações. Nossa parte é priorizar o Reino de Deus e a sua justiça, e o nosso Pai Celestial agirá em nosso favor (Mateus 6.31-33).

Conclusão

Deus cumpre a sua palavra e não leva em conta nossos erros de decisões fora da orientação dEle. O Senhor suporta nossas fraquezas por causa do projeto maior. Isaque falhou algumas vezes, entretanto deixou um excelente exemplo de homem humilde, gentil e cortês, não só para com os amigos, mas também com os inimigos. Não ter ido para o Egito foi um ato de obediência e reconhecimento da soberania divina para cuidar dele, de sua família e de toda a sua fazenda.

O Egito é símbolo do mundo, que atrai os incautos para afastá-los de Deus.

E.A.G.

Compilações
Comentário Bíblico Beacon - Gênesis a Deuteronômio - páginas 80 e 81, 4ª impressão/2012, Rio de Janeiro (CPAD).
Ensinador Cristão, página 39, ano 17, nº 68, outubro - dezembro de 2016, Rio de Janeiro (CPAD).
O Deus de Toda Provisão - Esperança e sabedoria divina para a Igreja em meio às crises, Elienai Cabral, 1ª edição 2016, páginas 64, 74, Rio de Janeiro (CPAD).

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