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domingo, 22 de março de 2015

O Evangelho Segundo Lucas

Por Eliseu Antonio Gomes

Autoria

O autor do terceiro Evangelho era claramente um escritor cuidadoso e um homem de cultura, usualmente concorda-se que deve ser identificado também como o autor de Atos, pois o prefácio de Lucas (1.1-4) é muito parecido com o de Atos 1.1, as duas obras são endereçados para Teófilo, o estilo e vocabulário favorecem a unidade de autoria, e o segundo prefácio refere-se a um livro anterior. 

A tradição concorda com o prefácio, que nos mostra que o autor não era testemunha ocular das coisas que registra, não era um dos primeiros seguidores de Jesus. e nesta posição ele fez uma pesquisa apurada de todos os acontecimentos do Mestre.

Não está grafado o nome do autor no terceiro Evangelho, porém, uma tradição antiga confere a autoria a Lucas, o médico amado, baseada nas referências de Colossenses 4.14; 2 Timóteo 4.11; e Filemon 24. Lucas não era, pelo que saibamos, um cristão de tanto destaque na igreja primitiva. O fato de um homem que não era apóstolo, sem posição de destaque que se conheça, ser universalmente considerado como tendo sido o autor, deve receber a merecida consideração.

O Fragmento Muratoriano, uma lista dos livros aceitos como parte do Novo Testamento, afirma que Lucas era gentio, nativo de Antioquia, escreveu seu Evangelho em Acaia, morreu aos 84 anos solteiro e sem filhos.

Data

A data do Evangelho de Lucas é motivo de debate entre os acadêmicos, e a questão está relacionada à sua autoria. A data mais tardia possível para a autoria do Evangelho é aproximadamente 80 d.C., uma vez que há evidências do seu uso a partir de 95, e que o livro de Ato utiliza as cartas de Paulo. Por outro lado, provavelmente o Evangelho não foi escrito antes do final dos anos 50, visto não ter sido escrito muito tempo antes do livro de Atos  (Atos 1.1), e 62 é a data do último evento registrado em Atos (a prisão domiciliar de Paulo em Roma).

Conteúdo

Lucas inicia seu Evangelho com uma declaração especial: ele mesmo havia se informado minuciosamente de tudo sobre a vida de Jesus desde o princípio. A genealogia de Cristo é rastreada desde Davi e Abraão até Adão, nosso antepassado comum, apresentando-o deste modo, como alguém da nossa raça. A obra não é uma repetição monótona de datas e ações, exibe uma fervorosa sensibilidade quanto aos detalhes pessoais íntimos, retrata Jesus como o Homem Perfeito e de grande empatia.

Seu relato é um dos mais completos e ricos em detalhes a respeito do nascimento e infância de Jesus, atrai o leitor para dentro dos eventos que ele descreve. A escrita é vívida. Narra de forma inigualável a vida do Filho de Deus, apresenta a Jesus como o Filho do Homem, o Homem Perfeito que veio salvar a todos, judeus e gentios.

Comparações com os Evangelhos de Mateus e Marcos

Quando se faz um paralelo entre Lucas e os demais Evangelhos Sinóticos observa-se a peculiaridade do vocabulário médico empregado por Lucas. Ao comparar, por exemplo, Lucas 4.38 com Mateus 8.14 e Marcos 1.30, observamos que Lucas enfatiza a natureza ou grau da febre da sogra de Pedro; ao analisar Lucas 5.12 com Mateus 8.2 e Mateus 1.40, vemos que o escritor anotou "cheio de lepra" e não apenas "um leproso"; ao confrontar Lucas 8.43 com Marcos 5.26. Somente Lucas observou que o episódio da cura do homem da mão mirrada era a mão direita que estava seca (6.6; Mateus 12.10; Marcos 3.1); e quanto a orelha decepada de Malco, foi quem assinalou que o corte ocorreu do lado direito (22.50; Mateus 26.50; Marcos 14.47).

Finalidade

1. Lucas narra a história, mas não tão-somente a história como se entende hoje em seu sentido secular e positivo, que se prende à narrativa da perspectiva humana, conta a ação de Deus entre os homens e como Ele demonstra sua soberania entre eles;
2. Escreve para esclarecer que o cristianismo tem vínculos com o judaísmo, a fé cristã possui raízes judaicas;
3. Esclarece que o cristianismo não é uma religião que veio a existir para competir com o império romano;
4. O endereçamento do Evangelho a Teófilo pressupõe que o autor tinha o objetivo de circular o livro entre pessoas cultas.

Conclusão

Sabemos que o autor do terceiro Evangelho obteve as informações sobre a vida e o ministério de Jesus entrevistando testemunhas oculares, ministros e apóstolos do Senhor e pesquisando escritos sobre Jesus. Coube a Lucas colocar a história em ordem histórica e cronológica. Assim, temos o tratado extraordinário sobre o Salvador,

Enfim, sabemos que pessoas inspiradas pelo Espírito Santo escreveram os livros da Bíblia Sagrada, e que através da instrumentalização que Deus fez de Lucas foi possível chegar até nós informações relevantes sobre os passos, pormenorizadamente.

E.A.G.

Compilação:
Bíblia de Estudo Defesa da Fé, página 1588, edição 2010, Rio de Janeiro (CPAD)
Lucas, Introdução e Comentário, Leon L. Morris, página 13, 14, reimpressão 2011, São Paulo, (Vida Nova).
Lucas - O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito, José Gonçalves, página 14, 16, 1ª edição 2015, Rio de Janeiro (CPAD).

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