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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Morgan Freeman e a suposta declaração sobre o massacre na escola de Sandy Hook

O célebre ator negro Morgan Freeman, ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante pela atuação em Menina de Ouro, recebe os créditos de uma declaração contundente que está se espalhando pela Internet. O texto fala sobre os motivos de Adam Lamza, o responsável pelo massacre de 26 pessoas no dia 14 de Dezembro no prédio escolar Sandy Hook, na cidade de Newtown, estado de Connecticut, EUA. O conteúdo é algo realmente tocante, instigante, são palavras que parecem sinceras e entram lá no fundo de todos os corações e nos faz refletir sobre a escalada da violência na sociedade moderna. A citação está na Rede Mundial de Computadores desde sábado, 15, e já está circulando em versão traduzida ao português em alguns blogs e redes sociais do Brasil. 

Mas a postagem tem todas as características de fraude. Não há uma fonte fidedigna, não há condições de relacionar o texto ao ator.

O texto não inspira credibilidade quanto à informação de autoria porque Freeman possui redes sociais, entretanto o artigo não está postado nelas. E porque as mídias convencionais estão de braços abertos para qualquer momento que ele queira pronunciar-se, porém também o conteúdo não está publicado em nenhuma delas.

Talvez, Freeman, comprovadamente talentoso e inteligente, até seja o autor do desabafo e não queira expor-se. Enfim, não é possível confirmar autoria; então é mais provável que o crédito seja falso, mesmo.

Associated Press / Chris Pizzello, arquivo
15 de Janeiro de 2011: Freeman faz pose em Los Angeles, antes de ser homenageado na cerimônia de premiações Globo de Ouro com um troféu Ceceil B. DeMille Award pelo conjunto da obra. (AP Photo / Chris Pizzello)

Morgan Freeman escreveu isso?
"Você quer saber o porquê? Isto pode parecer cínico, mas eis aqui o porquê:

É a forma em que a mídia retrata o ocorrido. Basta olharmos como a notícia é divulgada e ver como tratamos o atirador do shopping Oregon no meio da estréia de Batman no cinema: o atirador é visto como celebridade. Dylan Klebold e Eric Harris são nomes conhecidos, mas você sabe o nome de, ao menos, uma vítima de Columbine? Pertubardor.

Não fosse dessa forma, ninguém sairia de seus porões ao ver a notícia, na intenção de fazer algo pior, ganhando seu espaço, seu memorável sucesso. Por que uma escola primária? Por que crianças? Porque ele será lembrado como um monstro horrível, ao invés de um anônimo infeliz.

A CNN relata que, se a contagem de corpos "manter-se", a chacina seria classificada como segunda mais violenta, atrás de Virginia Tech, criando uma estatística classificatória de matanças piores do que outra. Então divulgam entrevista em vídeo da terceira série com todos os detalhes do que viu e ouviu enquanto os tiroteios foram acontecendo.

A Fox News tem o rosto do assassino estampado em todos os seus noticiários extraordinários, que ocorrem de hora em hora. Algum noticiário se concentra nas vítimas e ignoram a identidade do assassino? Não que eu tenha visto ainda: isso não vende.

Então, parabéns, mídia sensacionalista, você incentiva alguém querer fazer algo pior, destruir uma creche ou a maternidade mais próxima.

Vocês - mídia sensacionalista - poderiam ajudar, se esquecessem o que você já divulgaram sobre este homem, e divulgassem o nome de pelo menos uma vítima. 

Você pode ajudar doando para pesquisa sobre doenças mentais, ao invés de apontar para o controle de armas como o problema. Você pode ajudar, se parar de alimentar e consumir  notícia dessa espécie."

Consulta: Examiner

3 comentários:

Paula disse...

Independentemente da autoria do texto, acredito que há verdade nessa observação.

É evidente que os tabloides dão ênfase às estatísticas. Não se concentra esforços em divulgar uma corrente de orações ou prestar apoio aos amigos e parentes das vítimas, mas investiga pormenores e monetiza os detalhes sórdidos da violência urbana.

Não deve haver pesquisas nesse sentido, mas o tipo de cobertura oferecido pelas grandes empresas muito provavelmente inspiram comportamento semelhante entre espectadores desequilibrados. É o famoso "não fala que vai dar ideia".

Há de se respeitar, entretanto, o sofrimento e a privacidade da família das vítimas; caso contrário, recairíamos novamente em uma mídia que explora o sofrimento humano em vez de amenizá-lo.

Gostaria de parabenizar o autor, o revisor e o editor da postagem pelo uso excelente da Língua Portuguesa.

Dá gosto de ler!

Obrigada pelas informações,

A paz,

Paula

Eliseu Antonio Gomes disse...

Paula

Também penso que existe uma mente brilhante responsável pelo texto.

Independente de quem escreveu a crítica contra as coberturas da CNN e Fox News, o que está escrito é algo que merece ser analisado ponderadamente – mesmo as emissoras de televisão indo às casas das vítimas (coisa que o texto nega, injustamente).

Quem escreveu, também pecou por assinar com o nome do ator. A pessoa deve ter feito assim porque se sente inferiorizada, ou é patologicamente fanatizada por Morgan Freeman.

Sei que o ato de parabenizar quanto ao uso da Língua Portuguesa não cabe a mim, embora as visitas ao blog Belverede tenham picos de mais de 3 mil visitas /dia, eventualmente. Gosto de escrever, e escrevo. Sou como a maioria dos blogueiros no Blogspot e Wordpress, faço blogagem em horas vagas por prazer, é uma espécie de hobby, uma ação sem remuneração alguma e sem intenção de gannhar dinheiro com blogagem. E nesses instantes de dedos no teclado, o processo da escrita soma-se ao de edição e revisão. Um erro aqui e ali...

Mas, sem tomar como justificativa, encontro erros grosseiros de Ortografia, e tentativas de “assassinar” a Gramática em sites tidos como conceituadíssimos pela Academia Brasileira de Letras (exagerei!!!). Não os critico por errar. Sei que jornalistas também são seres humanos falíveis. Eles cometem equívocos correndo atrás do pão de cada dia, estão no epicentro da Era Virtual que exige deles muito dinamismo, requer que publiquem a informação na frente da concorrência. Eles competem com sites como o meu, que às vezes os deixa para trás, noticiando primeiro algo importante.

Abraço e boas festas de final de ano.

E.A.G.

PS: lamento por você ter optado pelo uso de codinome.

Mateus Emilio Mazzochi disse...

Paz do Senhor meu irmão. Sendo dele ou não o fato é que o texto não relata nada mais do que a verdade. Pesquisas de marketing apontam que felicidade não vende. O ser humano tem uma incrível afeição por tragédias e pelo lado mais tenebroso das coisas. Deve ser por isso que a Bíblia diz "chorai com os que choram e alegrem-se com os que se alegram" e não o contrário. Deus o abençoe.
http://mateusemiliomazzochi.blogspot.com.br/