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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A verdadeira prosperidade e o Gnosticismo da atualidade cristã

Não é errado o crente em Jesus ser próspero. Deus é bom e deseja uma vida abundante para nós (João 10.10). 


Encontramos essa afirmação na revista Lições Bíblicas (CPAD), 1º trimestre de 2012, cujo título é A Verdadeira Prosperidade - A Vida Cristã Abundante, lição 1, página 4, edição do professor, a ser lecionada em 1ª de Janeiro de 2012, em que os comentários são assinados por José Gonçalves.

Nesta mesma lição, o autor foi feliz ao citar a corrente filosófica Gnosticismo no tema relacionado com prosperidade. Nos dias atuais existem resquícios da doutrina da gnose na Igreja. A minha intenção é comentar exatamente isso, mas fazendo um aprofundamento maior do que fez José Gonçalves, pois pouco se fala sobre isso nos meios pentecostais.

Gnosticismo é um termo derivado do vocábulo grego gnosia (conhecimento). Aplica-se esse termo para um conjunto de ensinos heréticos que os líderes da Igreja Primitiva tiverem que enfrentar duramente.

A mola propulsora do Gnosticismo era a suposta posse de conhecimento secreto. Os líderes desse movimento criaram o seu clube privado, os quais se apresentavam como os "iluminados" e que tinham segredos revelados da parte de Deus, informações escondidas daqueles que não podiam se salvar, inclusive daqueles que haviam recebido a Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

Os gnósticos sustentavam uma falsa teoria da superioridade da gnose em comparação com a fé cristã. Eles exaltavam a inteligência e a erudição e desprezavam a fé, ao ponto dela ser classificada como sem valor no plano da salvação. Diziam possuir a informação de como unir a alma com Deus, alegando que não havia ligação entre o Criador e a matéria  má. Para eles, a salvação provinha da libertação da alma, presa no corpo físico contaminado. 

No exagero de considerar a matéria ruim, pregavam que a criação do mundo material aconteceu por um equívoco de Deus, ou de um ser antideus. Ensinavam que Jesus não havia nascido como um ser humano, diziam que Ele não havia sofrido porque não houve a encarnação, acreditavam que o Filho de Deus nunca viveu como uma matéria. As cartas apostólicas 1 Timóteo 2.5, e 1 e 2 João refutam o Gnosticismo dizendo que é falso o ensinamento que afirmava que Jesus não era uma reencarnação divina.

No Novo Testamento, encontramos muitos textos referentes ao Gnosticismo. João 1.1 combate falsos conceitos; 1 Corintios 8.1 contrasta o valor do conhecimento com a prática do amor; Colossenses 2.8 e 3.8-23 descreve as filossofias gnósticas como sutilezas vãs, um sistema que oprime o cristão com rigores ascéticos promovidos pela carne fazendo a falsa promessa de redenção; 1 Timóteo 1.4, 2 Timóteo 2. refutam a espiritualização da ressurreição de Cristo e chama o Gnosticismo de fábulas e genealogias sem fim; Tito 3.9, classifica as pregações gnósticas como questões tolas.

O Gnosticismo moderno incentiva a acomodação do cristão 

Deus fez o homem como um ser tríplice. Um espírito, com uma alma dentro de um corpo. Jesus Cristo veio ao mundo e morreu por nós para nos salvar por inteiro. O amor de Deus não é dirigido apenas para o espírito humano. Ele também nos ama na dimensão da alma e na dimensão física do corpo.

Quem não é, já foi ou será um jovem. Aos jovens, existe o mandamento dirigido aos campos material, e da alma e do espírito: "Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra" - Efésios 6:1-3.

É lógico que a maior prosperidade que um homem pode alcançar é viver no céu. Mas, o termo grego para "salvação" significa bem-estar. Salvação em grego é "soteria". E soteria/salvação compreende o bem-estar em todos os sentidos. Abrange os campos físico, da alma (psiológico) e do espírito. Soteria tem a ver com a cura do corpo, com estabilidade financeira, estabilidade emocional e espiritual.

Infelizmente, existe no meio cristão um pensamento gnóstico que resistiu ao tempo. Tal pensamento faz com que pregadores priorizem temáticas que estejam relacionados ao espírito. Raramente são feitas exposições bíblicas voltadas aos anseios da alma e aos interesses no campo material em que vivemos como seres socioeconômicos. As pregações que abordam a matéria e a alma são raras, quando feitas são taxadas como pregações de autoajuda, edonistas, todas influenciadas pela Teologia da Prosperidade. São rejeitadas com veemência, sem análises profundas. Não deveria ser assim (1 Tessalonicenses 5.21).

Nem tudo que é ensinado sobre prosperidade está associado à Teologia da Prosperidade.

1 - As finanças

Em se tratando da questão financeira, a prosperidade é uma bênção que Deus tem para nós. O erro que ocorre com muitas pessoas é amar mais as bênçãos do que o Abençoador.

Existe prosperidade bíblica, divina. Deus abençoa o servo dEle com trabalho prazeiroso, horas produtivas e bem-remuneradas, que, consequentemente, dão condições de descanso com lazer feliz.

“Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: comer e beber, e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, em que trabalhou debaixo do sol, todos os dias de vida que Deus lhe deu, porque esta é a sua porção. E a todo o homem, a quem Deus deu riquezas e bens, e lhe deu poder para delas comer e tomar a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus. - Eclesiastes 5.18-19.

"Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" - 1ª Timóteo 6.8-10.

No idioma grego, língua original na qual o Novo Testamento foi escrito, em 1 Tm 6.8-10, a palavra "sustento", possui  o sentido de trabalho compensador e agradável. E,"cobrirmos" refere-se a ter roupas e moradia própria. Quem é feliz em seu trabalho e possui casa própria, deve dar-se por satisfeito.

Querer ser rico, sem haver temor a Deus no propósito de enriquecimento, com certeza leva pessoas para muitas tentações e laços. Muitos mentem, se prostituem, roubam, assaltam, matam, traficam drogas e até gente... Isso acontece, mas apenas com quem ama o dinheiro, somente com aqueles que não amam a Deus e nem ao próximo se corromperão.

É importante contextualizar os textos bíblicos, usá-los da maneira exata como eles estão escritos.

2 - A alma

"Deleita-te também no SENHOR, e te concederá os desejos do teu coração" - Salmo 37.4.

A alma é a sede das emoções, das vontades, onde estão armazenadas as informações do intelecto.

Uma das característas do fruto do Espírito é a alegria, uma emoção (Gálatas 5.16-23).

No final do livro Eclesiastes, há a recomendação do Pregador: "Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo. Afasta, pois, a ira do teu coração, e remove da tua carne o mal, porque a adolescência e a juventude são vaidade. Lembra-te do teu Criador..." - Eclesiastes 11:9-10; 12.1 a.

É lógico que Deus não promete satisfazer o ego humano sem estabelecer critérios, porque o ego do homem representa o homem que não aceita a presença de Jesus em seu coração, não permite que Cristo esteja entronizado no centro de sua vida. Mas, aquele que tem a Jesus como Senhor em seu coração, não é esquecido por Deus, sempre é lembrado por Ele, sempre é abençoado por Ele.

Quem ama ao Senhor, deleita-se nEle, recreia-se nEle, e é abençoado na alma, consegue satifazer os desejos da alma.

Conclusão

"Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo." Romanos 14.17.

O reinado de Deus entre os seres humanos não é material, mas é composto de seres materiais. Sem beber e sem comer nós morremos. Não existe Reino de Deus sem alegria.

Deus não criou o homem com bexiga para vê-lo morrer de sede; com estômago para passar fome, não fez casais fertéis para que eles coloquem no mundo filhos, que são imagem e semelhança do Criador, para crescerem desnutridos e vestí-los com roupas rasgadas, fazê-los passar vergonha com os coleguinhas da escola, chorar por um doce que os pais não têm dinheiro para comprar.

Os cristãos que conheceram a Jesus Cristo vivem neste mundo e são a materialização do Reino de Deus aqui na Terra. É preciso meditar no seguinte: Deus fez o ser humano tricotômico: um espírito com uma alma dentro de um corpo. E Deus ama o homem por inteiro, não ama ninguém pela metade.

Há quem pense que Deus enviou Jesus só para salvar o espírito, e que não está se importanto com as necessidades físicas e nem com os desejos da alma. Estes, interpretam errado o amor de Deus, e por conta dessa interpretação errada, julgam que pensar em prosperidade, no bem-estar da alma e do corpo, seja um grande pecado.

Pense bem, Deus não ama só o seu espírito!

Confira todas as abordagens sobre as matérias da revista no blog Belverede: EBD 2012 primeiro trimestre: Verdadeira prosperidade - vida cristã abundante


E.A.G.

Consultas: O Novo Dicionário Bíblico;  volume 1; 4ª edição (Editora Vida Nova); Consiso Dicionário Bíblico Ilustrado; 12ª edição (Imprensa Bíblica Brasileira).

Um comentário:

Salviano Adão disse...

A paz querido Eliseu, meu nome é Salviano Adão do blog; A única verdade em sua própria bíblia. O motivo do meu contato é porque gostaria de fazer uma parceria em nome de Jesus, já postei o blog do querido em minha lista de blog, passa lá depois para dar uma conferida, e gostaria que você também postasse o meu blog em seu blog, mas essa parceria é só se quiser.
Que Deus abençoe e aguardo o seu contato.