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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A turma do re-te-té e os críticos deles

Deus não é surdo!

Essa frase de gente metida a inteligente é usada para desmoralizar os crentes pentecostais que gostam de fazer barulho de "glória Deus" e "aleluia". E, hoje em dia é usada pelos próprios crentes anti-movimento espiritual. Do outro lado, os crentes do re-te-té classificam seus críticos como "sorveterianos", isto é, gelados, sem o Espírito Santo. Discordo das duas atitudes.

Sabemos que Deus ouve muito bem.

Ninguém nasce adulto, ninguém nasce sabendo tudo. A vida é uma eterna fase de aprendizagem, inclusive a vida espiritual.

Sejamos maduros na fé e não façamos chocarrices, zombarias, porque essas coisas são pecados. Esse pessoal do re-te-té aceitou a Cristo como Senhor e Salvador, mas ainda não aprendeu o tanto que nós aprendemos. Eles fazem confusão sobre o que é avivamento,  poder de Deus, e o que é apenas emocionalismo, alegria expressada em gestos exagerados, gritos, pulos, profetadas, etc.

O que é o verdadeiro avivamento?

Certamente que a Igreja de Cristo precisa de avivamento. Necessitamos dele para continuar a viver!

Muitos cristãos pentecostais vão aos cultos com a intenção de participar de uma êxtase coletiva. Querem pular, correr e coisas do gênero. São momentos em que a endorfina é liberada pelo cérebro e a pessoa realmente sente bem-estar. Mas, essa experiência não é avivamento. A endorfina também é liberada quando o time de futebol ganha a partida e quando alguém escuta uma piada bem contada.

Há crítico que possue a ousadia de dizer que os crentes envolvidos com o re-te-té são pessoas endemoninhadas. Discordo. Ninguém tem esse direito de julgá-los desse jeito. Mas, com certeza eles rolam no chão porque querem, caem porque gostam de relaxar o corpo em pleno culto a Deus, pulam porque têm saúde e sentem prazer no ato de pular, gritam freneticamente porque acham natural.

A Assembleia de Deus ministério Madureira / Brás ensina o povo se comportar comedidamente durante os cultos que realiza. Na revista de escola bíblica dominical Jovens e Adultos, da Editora Betel, lição 5, página 31, lançamento de 30 de abril de 2006, podemos ler o seguinte: "Quando se fala em avivamento, é normal imaginar que se relaciona com gritos, pulos e barulho. Esse é o conceito da grande maioria de pentecostais. Gritos e pulos que não saem das quatro paredes e não transformam vidas, principalmente a dos crentes religiosos, não passa de sentimentalismo corriqueiro ou fanatismo religioso. Avivamento real é de dentro para fora."

Avivamento é obedecer a Palavra de Deus.

Avivamento verdadeiro é usar o amor de Cristo. É se importar com o bem das pessoas. Ter a disposição de cuidar bem de velhinhos, crianças, viúvas e enfermos. É usar o talento que Deus nos deu para expandir o Evangelho no mundo, levando a mensagem inspirada e totalmente embasada nas Escrituras Sagradas.

O Espírito Santo não é manipulador de marionetes. O choro, o pulo, o rodopio são ações de iniciativas humanas, tem a ver com a índole de cada um. É perfeitamente normal que exista o sentimento de alegria durante os cultos, porém penso que é responsabilidade de todas as lideranças evangélicas ensinar que a euforia deve ser contida. Não falo em repressão, mas ensinar que uma das características do fruto do Espírito é o domínio-próprio.

Fazendo uso da citação de João 17.17, Ubirajara Crespo escreveu: "Geralmente nos deixamos impressionar pela aparência religiosa, pelo vocabulário cristão, pelos chavões denominacionais, pelo comportamento litúrgico, pelas manifestações sobrenaturais e pela prédica fervorosa. Há quem acredita que estas são as cores com as quais se pinta um avivamento. Gelo seco também faz fumaça, mas não produz fogo. A reta justiça é o padrão divino para o verdadeiro avivamento, o resto provém de alquimia pirotécnica capaz de fazer espuma sem sabão e lavar a seco. Os grandes auditórios transformaram pastores em showmens, de difícil aproximação, dificultando a observação do caráter e o ensinamento pela imitação."

Com certeza, cair, rolar no chão, gritar descontroladamente e outras manifestações do tipo não contribuem para a sólida  edificação da igreja, "A manifestação é dada a cada um para o que for útil" - 1 Corintios 12.7.

Autoexame

Não existe coerência em zombar da turma do re-te-té.

Todo cristão precisa crescer na fé e no entendimento da vontade de Deus para sua vida. A missão do crente é ensinar, não é zombar. Jesus disse: fazei discípulos (alunos); ensinai todas as nações (Mateus 28.19).

Confira o que Jesus disse: Marcos 9.42; Lucas 17.2. Não escandalizemos ninguém. Caso sejamos responsáveis por uma alma entrar no inferno por causa de atitudes de escarnecedor, iremos juntos com ela, ai de nós... Quem não pode ajudar, cuide-se, e não atrapalhe. Não façamos ninguém tropeçar na fé.

Louvemos a Deus. Ele quer ser louvado.

Amemos o próximo, amemos os irmãos de fé cristã, aqueles que estão além dos muros denominacionais. Ninguém é obrigado a gostar do movimento pentecostal. E se não gosta, há o cristianismo tradicional da Igreja Presbiteriana e da Igreja Batista para que neles se sirva ao Senhor sem os costumes de expressões exageradas dos membros.

Manifestações corporais expressivas na Bíblia

Quando o povo israelita passou o Mar Vermelho, Miriã pegou um tamboril e o tocou festejando o grande milagre da travessia sem molhar os pés. As mulheres que com ela estavam a seguiram tocando e dançando (Êxodo 15.20);

Quando Davi trouxe a Arca do Concerto para a Tenda da Congregação, ele expressou sua alegria dançando diante do povo (1 Crônicas 15.29);

Quando Salomão inaugurou o templo entregando-o ao Senhor, uma nuvem apareceu no lugar de adoração e os sacerdotes não conseguiram ficar de pé (2 Cronicas 5.14);

Quando os apóstolos receberam o batismo como o Espírito Santo, falaram em outras línguas e quem os via e ouvia falando pensaram e disseram que eles estavam embriagados (Atos 2.13).

Tais tipos de manifestações jamais deveriam ser parte da liturgia dos cultos pentecostais. É um equívoco pensar que tais narrativas bíblicas possam ser usadas como sustentação de doutrinas denominacionais.

O Espírito Santo não se deixa ser controlado, sopra onde quer e quando quer. O Espírito Santo não é controlador, cada cristão é uma pessoa livre para reagir ao sopro espiritual de acordo com sua personalidade. Veja: João 3.8; Zacarias 4.6.

Conclusão

Deus abençoe quem tenha preferência por re-te-té e quem tenha ojeriza. Vivamos em paz, suportando uns aos outros.

E.A.G.

4 comentários:

Rô Moreira disse...

Avivamento é ensinar com amor como você bem fez neste artigo. Eu ja vi pessoas aqui na Blogosfera atribuindo as manifestações Pentecostal ao diabo e fiquei muito triste. Não devemos confundir alegria demais no espirito da pessoa, atribuindo esta alegria a demônio, chamado pomba gira é demais. Eu fiquei chocada quando assisti alguém atribuindo ao demônio. Bem pertinente seu artigo. Paz!

Judson Canto disse...

Caro Eliseu,

Parabéns pelo artigo.

Também já escrevi sobre o assunto, caso lhe interesse:

http://judsoncanto.wordpress.com/2011/01/25/o-retete-e-a-regra-paulina-de-culto

Abraço.

Pastora Neide disse...

"Estou participando da Campanha Siga e Seja Seguido da UBE blogs! Estou seguindo seu blog, siga o meu: http://clarinsdaalvorada.zip.net". Eu tenho mais dois blogs, mas não constam seguidores. Deus abençoe sua vida!!!

Eliseu Antonio Gomes disse...

Prezado Judson.

Observo e considero o fenômeno do re-te-té como uma situação intrigante. É costume antigo dentro da liturgia assembleiana, remonta aos primórdios da Assembleia de Deus. Temos isso documentado pela CPAD na biografia de Gunnar Vingren.

Escrevi sobre o envolvimento de Vingren em meu blog em 18 de Setembro de 2009. Querendo conferir: Belverede.

Em determinas oportunidades, encontrei algumas pessoas afirmando que o re-te-té tem origem em igrejas neopentecostais. É um equívoco de fácil constatação.

Sem fazer defesa das denominações Igreja da Graça e Igreja Universal do Reino de Deus, digo que elas não têm parte alguma nessas manifestações. Qualquer alvoroço nas reuniões dessas instituições, logo o agitador é silenciado por obreiros, que citam a ele 1 Corintios 14 e dominam a situação.

Aliás, a IURD, sem nenhuma cerimônia, classifica abertamente quem faz parte desse fenômeno como pessoas endemoninhadas. Recentemente, o líder da IURD escreveu que o re-te-té e cai-cai são sintomas de possessões demoníacas, e repetiu essas declarações numa longa “matéria jornalística” veiculada repetidamente nos principais programas da Rede Record.

Feliz 2012.

Abraço, na paz de Cristo.